Ciência nas alturas

Nada de laboratório e mesa com computador. Um grupo de pesquisadores resolveu trabalhar num lugar inusitado: árvores da região amazônica.  A 50 metros do chão, instalados em plataformas, eles pesquisam a reprodução e a polinização da castanheira, espécie típica da região que produz a castanha-do-brasil ou castanha-do-pará.

Pesquisadora sobe em plataforma montada em cima de uma árvore.

Instalada em uma plataforma construída na copa da castanheira, a pesquisadora buscava informações sobre a reprodução da espécie (Foto: Aldeci Oliveira)

Para chegar tão alto – o equivalente a um prédio de 17 andares –, cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária praticam o arvorismo, um esporte radical que inclui diversas atividades suspensas, como rapel, escaladas e trilhas. A engenheira florestal Lilian Lima faz parte do grupo que estudou castanheiras em Rio Branco, no Acre.

“Eram três castanheiras e algumas pontes para o deslocamento entre elas”, conta. “Eu subia na primeira castanheira por uma escada feita de cabo de aço e ia até as outras árvores pelas pontes. Depois, descia por rapel onde estivesse. As árvores possuíam plataformas na copa das árvores e tábuas para auxiliar a caminhada até a ponta dos galhos, de onde se observava as flores”. Emocionante, não é?

Pesquisadora vai de um galho a outro por passarelas.

As castanheiras eram ligadas por 60 metros de passarelas, por onde os pesquisadores se deslocavam (Foto: Lúcia Wadt)

Toda essa estrutura só era usada entre os meses de novembro e dezembro, período em que as flores das castanheiras desabrochavam. Nessa época, o trabalho era intenso. Bem cedinho, entre 5h e 8h, Lílian ia até a ponta dos galhos para estudar a ação de agentes polinizadores naturais (as abelhas) ou artificiais (nesse caso, a própria pesquisadora induzia o cruzamento entre flores de castanheiras).

Já de madrugada, das 22h às 3h, a cientista anotava, de 15 em 15 minutos, informações sobre a biologia reprodutiva da castanheira, como o horário em que a flor abre e produz néctar. Você deve estar se perguntando: será que ela não ficava com medo de estar naquela altura e ainda por cima à noite? Lílian responde: “Como estava à noite, tudo escuro, eu não conseguia ver o chão, então nem ficava com tanto medo!”

Matéria publicada em 05.12.2011

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Leandro Morgado

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