Ciência em ação

Em 1900, Goeldi publicou um livro dedicado às espécies de aves que vivem na Amazônia (imagens: Coleção Fotográfica/Arquivo Guilherme de La Penha/Museu Paraense Emílio Goeldi/MCT).

Quando Emílio Goeldi chegou ao Brasil, uma praga atacava as plantações de café do Vale do Paraíba, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Como o café era vendido a outros países, o governo do Brasil preocupou-se. Mas não é que o cientista suíço resolveu a situação? Ele já havia publicado um livro sobre o pulgão, inseto temido pelos agricultores, e essa experiência o ajudou a estudar a praga que se alojava na raiz dos cafeeiros e destruía a planta. Por um ano e meio, ele pesquisou o tema e, em 1892, descreveu o ciclo de vida da praga e os efeitos dela nas plantações.

De um museu a outro

O Parque Zoobotânico do Museu Paraense, que abriga espécies da flora e da fauna amazônicas, foi criado por Goeldi em 1895 e existe até hoje

Mas não é que, em 1890, Emílio Goeldi teve que pedir demissão do Museu Nacional? Na época, o Brasil tinha acabado de se tornar uma República, isto é, passou a ser governado por um presidente. D. Pedro II deixou o país, a contratação de estrangeiros foi proibida e, assim, Goeldi ficou desempregado.

Já casado e com um filho, o pesquisador teve que se mudar para a casa do sogro. Juntos, eles criaram uma colônia de imigrantes suíços em Teresópolis, no Rio de Janeiro, mas o projeto não deu certo. Em 1894, porém, Goeldi recebeu um novo convite: reformar e dirigir um antigo museu no estado do Pará. “Quando Goeldi chegou, o museu era apenas uma salinha, com um pequeno acervo e sem funcionários. Mesmo assim, ele conseguiu transformar o que encontrou em uma grande instituição de pesquisa científica, que, em sua homenagem, passou a se chamar Museu Paraense Emílio Goeldi”, conta Nelson Sanjad.

Um cientista e tanto

O Museu Paraense Emílio Goeldi, localizado na cidade de Belém, no Pará, é uma importante instituição ligada à ciência (foto: Paula Sampaio).

Além de ter divulgado a ciência por meio de palestras e mostras no museu do Pará, Emílio Goeldi fez importantes pesquisas. Por quatro anos, por exemplo, ele estudou o ciclo de vida dos mosquitos que transmitem a malária e a febre amarela, assim como a forma como eles passam para as pessoas essas doenças, que são comuns no Brasil.

O cientista também percorreu aldeias indígenas e fez escavações. Nessa aventura, encontrou objetos antigos – como cerâmicas e machados de pedra – que podiam contar um pouco da história do povo que viveu ali no passado.

Em 1907, no entanto, Emílio Goeldi voltou para a Suíça, dizendo que precisava cuidar de sua saúde e da educação dos filhos. Nelson Sanjad conta, porém, que essa questão é polêmica. “Deve ter havido algum conflito entre Goeldi e o governo do Pará, pois, pouco antes da demissão, ele estava empolgado com o projeto de construir uma nova sede para o Museu Paraense.” Dez anos depois, o cientista faleceu. Mas entrou para a história da ciência do Brasil e é lembrado até hoje!