Cem horas para olhar o céu

Quem consegue segurar a curiosidade diante de um céu estrelado? Apesar da distância que há entre nós e os astros, é difícil encontrar alguém que não se deixe encantar por sua beleza e não tenha perguntas a fazer sobre as estrelas, os satélites, os planetas. Se você é um dos muitos que adora fazer esse tipo de observação, participe do evento 100 horas de Astronomia, que começa em dois de abril e só termina quase 100 horas depois, no dia cinco.

O 100HA, como tem sido chamado, ocorre em 137 países e tem o objetivo de fazer com que o maior número de pessoas, pela primeira vez na vida, observem o céu por meio de um telescópio, assim como fez Galileu Galilei há 400 anos. Em 1609, esse pesquisador italiano realizou as primeiras observações do céu interpretadas corretamente com um instrumento desse tipo. Quem quiser seguir seus passos durante as 100HA, está convidado a descobrir o que a Lua e o planeta Saturno têm de curioso. Para tanto, basta comparecer a planetários, museus de ciências e outras entidades ligadas à astronomia, que estarão de portas abertas ao público.

O sexto planeta do Sistema Solar, Saturno, será um dos astros observados durante o evento 100 horas de Astronomia (foto: Nasa/JPL).

Por que observar a Lua e Saturno?

A escolha do satélite da Terra e do sexto planeta do Sistema Solar como alvos das cem horas de observação foi feita por razões meteorológicas. Isto é: levou-se em conta o clima apresentado em abril pelos países que participam do evento. Isso porque, para a observação de alguns corpos celestes, fatores como umidade, chuva e nebulosidade podem influenciar e atrapalhar a observação

Entre dois e cinco de abril, a Lua e Saturno, nos países envolvidos nas 100HA, estarão bem posicionados no céu e o clima contribuirá para a sua observação. “A Lua sempre está em boa posição, mas Saturno, em especial, estará em um ângulo que facilitará que o público o veja nessas datas. Se o evento fosse em agosto, o astro escolhido seria Júpiter”, conta o astrônomo Tasso Napoleão, um dos coordenadores nacionais do Ano Internacional da Astronomia, celebrados em 2009.

Astros cheios de atrativos

Que a Lua muda de aparência ao longo do tempo todo mundo já percebeu, mas… E os detalhes, como as suas crateras? Será que você já teve a chance de observá-las? Provavelmente, não, já que isso não dá para ver sem a ajuda de um telescópio. Mas não é só por esse motivo que vale a pena participar das 100HA. Quem visitar um observatório durante o evento poderá identificar também as planícies e montanhas da Lua – pois é, elas existem! –, além de conhecer curiosidades sobre o satélite da Terra.

A Lua, suas crateras, planícies e montanhas podem ser vistas por meio de um telescópio (fotos: Nasa/JSC/ES&IA e Nasa/GRC).

Saturno também terá atenção especial se visto com a ajuda de especialistas em Astronomia. Você tem a chance de descobrir que esse planeta pode ser observado a olho nu, além de apreciar a sua cor amarelada e brilhante, parecida com a das pérolas, e ainda ver os seus famosos anéis, formados por pedras de gelo de vários tamanhos e formas.

Caravana astronômica

“Com o evento 100 horas de Astronomia, queremos despertar nas pessoas o interesse por essa área da ciência”, conta Tasso Napoleão. “A Astronomia não é só bonita. Ela nos mostra a nossa condição humana, de habitantes da Terra, que está entre os inúmeros corpos celestes na imensidão do espaço. Portanto, assim como devemos preservar a Terra e o ambiente, devemos também preservar o Universo, pois somos parte dele.”

Então, reúna seus colegas, sua família ou a turma da escola para observar o céu. Procure um lugar perto da sua cidade que esteja cadastrado nas 100HA e organize uma caravana. Escolas, clubes, museus, entre outras instituições, estão na lista de participantes. Na página do evento na internet, você encontra informações de lugares em todas as regiões do Brasil que estão oferecendo sessões de observação do céu. Confira!

Quatro dias de olho no céu
A ideia de fazer um evento como o 100 horas de Astronomia nasceu em uma grande reunião, que envolveu centenas de nações, entre elas o Brasil, para definir ações para o Ano Internacional de Astronomia, comemorado em 2009. Além das 100HA, outras iniciativas acontecem ao redor do mundo. “Desde janeiro, vários países têm organizado eventos. O Brasil é o segundo com mais ações programadas, como as 100HA, que ocorrem por todo o país”, conta Tasso Napoleão.