Cara de um, mas não de outro

Olhe para alguém da sua família. Ele se parece com você? Talvez seus olhos sejam quase iguais ou vocês tenham o mesmo sorriso, mas é provável que seus rostos não sejam idênticos e é isso que faz de você uma pessoa única. Para confirmar a importância dessa diversidade, um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, buscou compreender como ocorrem as diferenças entre os rostos das pessoas.

Os traços dos rostos são os principais responsáveis pela diversidade entre os membros da espécie humana. (foto: hepingting / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/)CC BY-AS 2.0 (/a))

Os traços dos rostos são os principais responsáveis pela diversidade entre os membros da espécie humana. (foto: hepingting / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/)CC BY-AS 2.0 (/a))

Os pesquisadores estudaram 18 características faciais de homens e mulheres com descendência africana e europeia – como a distância entre o queixo e a testa, por exemplo. Quando comparadas a características corporais, como o comprimento do braço ou a distância entre o pé e a cintura, os traços do rosto variam muito mais entre as pessoas. Segundo o estudo, as características que mais variam estavam no triângulo formado pelos olhos, boca e nariz.

Os cientistas também analisaram 1000 genomas humanos e identificaram quase 40 milhões de variáveis em genes que determinam traços faciais. Tais variações, de acordo com a pesquisa, também são encontradas em genes de hominídeos da pré-história, como os neandertais, mostrando que essa diversidade pode estar presente entre os humanos desde a origem da nossa espécie.

Mas o que tudo isso significa? Basicamente, quer dizer que a diversidade entre os membros da espécie humana se dá pelas características do rosto. “Muitos outros animais são diversos, mas não necessariamente no rosto”, explica o antropólogo e um dos autores do estudo Michael Sheehan, especialista em biologia da evolução. “Dependendo de como se organizam socialmente, os membros de uma espécie são mais ou menos diferentes.”

As variações presentes em genes que determinam características do rosto já existiam em hominídeos da pré-história, como os neandertais. (foto: Erich Ferdinand / Flickr / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/2.0/br/) CC BY 2.0(/a))

As variações presentes em genes que determinam características do rosto já existiam em hominídeos da pré-história, como os neandertais. (foto: Erich Ferdinand / Flickr / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/2.0/br/) CC BY 2.0(/a))

Michael adiciona que a diversidade de rostos é importante para que os humanos se reconheçam. “Reconhecer o rosto de alguém permite que a gente interaja com as pessoas de formas diferentes dependendo de quem elas são ou de que histórias compartilham conosco”, explica. “Imagine se você não pudesse diferenciar ninguém – seria muito difícil lidar com as pessoas e você precisaria adivinhar com quem está conversando”.

O pesquisador explica que o estudo não determina os reais benefícios que ter rostos diversos traz aos seres humanos. No entanto, Michael esclarece que é possível imaginar quais são as vantagens em ser diferente dos outros. “Um bom exemplo é que pessoas poderiam ser mandadas para a cadeia por engano caso fossem confundidas com criminosos”, adiciona.

Diversidade entre os povos

Ser diferenciado principalmente pelas características do rosto é algo compartilhado por toda a espécie humana. No entanto, elas podem variar entre diferentes povos. Assim, traços que diferenciam pessoas que nasceram na África podem não ser os mesmos que diferenciam aqueles que nasceram na Ásia, por exemplo.

“Nós analisamos genomas de europeus e as características que variam entre eles mostraram não variar tanto em asiáticos”, diz Michael. “No entanto, caso a gente estude genes associados a características que variam entre os asiáticos, acreditamos que esses traços não irão variar tanto entre os europeus.”