Imagine voltar no tempo cerca de 30 mil anos e se deparar com o bicho da imagem abaixo. Aposto que dificilmente você acharia que ele é um canguru! Com dois metros de altura e um focinho parecido com o de um coelho, o canguru gigante não saltava como os seus parentes de hoje em dia, mas tinha uma postura bípede, ou seja, caminhava sobre duas patas assim como nós.
Esse animal curioso pertence à extinta subfamília Sthenurinae e já era conhecido pelos paleontólogos. No entanto, somente agora cientistas da Universidade Brown, nos Estados Unidos, e da Universidade de Málaga, na Espanha, descobriram que ele não pulava e sim andava. A conclusão veio depois da comparação de esqueletos de cangurus atuais com os dos gigantes extintos.
Mas como eles sabiam que o canguru gigante caminhava sobre duas patas? A paleontóloga Christine Janis, da Universidade Brown, explica que essa informação foi deduzida pela constituição do esqueleto do animal. “A nossa análise mostrou que eles tinham um tronco duro, que podia suportar o peso de uma perna de cada vez, permitindo que eles caminhassem”, conta.
Graças à postura bípede, os cangurus gigantes podiam usar as mãos para outras tarefas, como, por exemplo, colher alimentos em árvores e arbustos mais altos, diferentemente da maioria dos cangurus atuais, que se alimenta de grama.
Você deve estar imaginando que o grande tamanho também era uma vantagem para esses cangurus do passado, mas não era bem assim. Por serem muito grandes e terem ossos muito largos e pesados, eles eram lentos e isso pode ter sido um dos fatores que os levaram à extinção. “Nós não sabemos porque eles não sobreviveram, mas o seu grande tamanho provavelmente foi um problema”, imagina Christine.
A pesquisadora alerta que hoje em dia temos mais de 50 espécies de cangurus vivos pelo mundo e muitos deles estão ameaçados de extinção por causa da ação do homem. Ela acredita que devemos nos preocupar e proteger essas espécies. “Não podemos permitir que eles tenham o mesmo destino dos cangurus gigantes”, alerta.