Boas vindas a fleróvio e livermório

Em maio, a União Internacional de Química Pura e Aplicada deu nome a dois novos elementos químicos: o fleróvio e o livermório. Eles já faziam parte da tabela periódica, que reúne os elementos fundamentais na formação de todas as substâncias encontradas na natureza (e mais algumas). Agora, deixaram para trás os nomes provisórios para ter identidade própria!

A tabela periódica foi criada no século 19 como forma de organizar os elementos químicos já conhecidos. Ela traz informações sobre os diferentes átomos encontrados na natureza ou criados por cientistas (Imagem: Wikimedia Commons)

“Os nomes foram dados em homenagem aos laboratórios cujos cientistas, participando em colaboração, criaram os dois novos elementos”, conta o químico Joab Trajano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O nome fleróvio homenageia um laboratório na Rússia, enquanto livermorium lembra um laboratório nos Estados Unidos.

Além de carregarem nomes esquisitos, fleróvio e livermório têm em comum o fato de não serem encontrados por aí: os dois elementos foram criados por cientistas – e não foram os primeiros!

Tudo o que existe materialmente é formado por átomos: a água, a folha do seu caderno, o pão que você come pela manhã, o ar que você respira. Antigamente, acreditava-se que o átomo era a menor unidade que constituía as matérias, e que ele não podia ser dividido. Hoje, sabemos que o átomo é formado por diferentes partículas – saiba mais sobre o tema na CHC 49 (Ilustração: Wikimedia Commons)

O químico Roberto Paiva, também UFRJ, explica que, dos 118 elementos da tabela periódica, também conhecidos como átomos, apenas 91 são encontrados na natureza. Fleróvio, livermório e outros elementos artificiais foram criados por meio do choque entre dois átomos já existentes.

Os cientistas promovem esse choque em máquinas gigantescas chamadas aceleradores de partículas (saiba mais na CHC 216). Nelas, os átomos são acelerados a velocidades imensas e arremessados uns contra os outros. O choque é tão forte que eles se unem.

Uma dificuldade, porém, é que essa união entre átomos muitas vezes dura só uma fração de segundo – ou seja, os átomos criados são muito instáveis e logo perdem prótons, transformando-se em outro elemento já existente. “Essas reações são caras, gastam muita energia e geram poucos átomos”, explica Joab. No futuro, porém, os cientistas esperam conseguir criar elementos mais estáveis e que possam ter alguma aplicação prática.