Papagaio, pandorga, arraia, cafifa ou, simplesmente, pipa. Não importa o nome que receba esse brinquedo, feito com varetas de madeira leve, papel fino e linha: qualquer pessoa tem tudo para se encantar com ele! Pudera: colocar uma pipa para bailar no ar é a maior diversão! E sabia que, na sala de aula, a pipa tem muito a ensinar?
Duvida? Pois é o que garante a professora e artista plástica Nina Maria Cabral Lemos. Em 1979, ela idealizou o Projeto de Educação com Pipas, levando esse brinquedo para dentro da escola onde trabalhava e, junto com ele, muita diversão e aprendizado. Nas aulas de arte, a professora ensinava, entre outros temas, a confeccionar papagaios. Mas não pense que o assunto era só brincadeira. Antes de fazer os brinquedos, os alunos tinham de procurar por um tema ‐ como folclore brasileiro, família, cidadania, entre outros ‐ e pesquisar bastante sobre ele. A partir de então, criavam suas pipas e aplicavam nelas desenhos para representar o assunto. Assim, enquanto faziam seus brinquedos, estavam também estudando!
Claro que as pipas fizeram o maior sucesso nas aulas de arte. E outros professores logo decidiram aproveitar as oficinas em que elas eram feitas para também ensinar de maneira divertida. Noções de geometria, por exemplo, eram dadas pelo professor de matemática, por meio das formas que apareciam nas armações das pipas, como triângulos e retângulos. Já na aula de geografia, as pipas auxiliavam na explicação dos diferentes tipos de ventos e suas variações em cada região do Brasil.
Nas aulas de português, as pipas inspiravam poesias e redações e a professora de história aproveitava para, obviamente, falar um pouco sobre a história das pipas. Até na hora de exercitar os músculos, nas aulas de educação física, as pipas entravam em ação: os professores aproveitavam para trabalhar movimentos apropriados para quando os alunos fossem empinar os brinquedos. Quer saber o resultado de tanta integração? Excelentes notas no final do ano e um grande festival de pipas para comemorar!
Um brinquedo muito útil
Não se sabe quem empinou o primeiro papagaio da história. Mas um grego chamado Arquitas, lá pelo ano 400 antes de Cristo, fabricou um brinquedo parecido com uma pipa. Ainda na antiguidade, no ano 200 antes de Cristo, as pipas eram usadas pelos povos orientais não só como brinquedos, mas por motivos religiosos e místicos. Algumas pipas eram feitas com desenhos de dragões que, para eles, atraíam a felicidade.
A pipa também foi usada por alguns cientistas e inventores para ajudar em seus experimentos. Veja só: em 1752, o americano Benjamim Franklin fez importantes descobertas sobre a eletricidade utilizando uma pipa e inventou o pára-raios. Já em 1906, nosso conhecido “pai da aviação”, Alberto Santos Dumont, se inspirou em um modelo de pipa – em forma de caixote – para construir o dirigível 14 Bis.
Diversão milenar, utilizado por povos da Antigüidade ‐ provavelmente gregos e chineses ‐, a pipa trouxe bons resultados em sala de aula. Então, por que você não sugere que o seu professor use esse brinquedo na sua escola? Se a idéia for aceita, peça a ele para entrar em contato com Nina Lemos. “É gratificante ver o fortalecimento da auto-estima, da criatividade e da alegria das crianças ao irem para a escola participar do Projeto de Educação com Pipas”, diz Nina.
Ah! E se você há muito tempo gosta de soltar papagaios por aí, responda depressa: está tomando os cuidados necessários para não sofrer um acidente? Então, anote algumas dicas: nunca use cerol ‐ uma mistura de cola e vidro moído, extremamente cortante e perigosa ‐ e procure soltar suas pipas em lugares apropriados, longe de fios elétricos. Se, por acaso, o seu brinquedo agarrar em um fio, largue-o e trate de fabricar outro. Ah! E nada de sair correndo atrás de uma pipa que se soltou. Você pode arriscar a sua vida atravessando, sem olhar, na frente dos carros. Afinal, não custa quase nada fabricar outra pipa, além de ser muito divertido!
Crie sua pipa
Quer aprender a fazer o seu próprio papagaio? Existem algumas páginas na internet com gráficos que ensinam a fabricar pipas, anote aí: www.jperegrino.com.br ou www.pipa.art.br/criacao.html. Depois de consultá-las, basta juntar alguns materiais ‐ como varetas de madeira leve ou bambu, cola de madeira e papel fino ‐ e soltar a imaginação!