Atravessando o oceano

Em março do ano passado, os japoneses passaram por maus bocados. Além de um terremoto, eles ainda tiveram que encarar um tsunami. As ondas invadiram a costa leste do Japão e, quando voltaram para o oceano, arrastaram toneladas de lixo. A maior parte desse material acabou afundando perto da costa, mas itens flutuantes como garrafas, redes, barcos e bolas se espalharam mar afora.

Em março de 2011, o Japão foi atingido por um tsunami. A onda gigante, gerada após um grande terremoto, causou muita destruição e arrastou consigo uma enorme quantidade de lixo para o oceano (Foto: Wikimedia Commons)

Saiba mais sobre tsunamis na CHC 119.

Após cerca de um ano, alguns desses itens começaram a chegar à terra firme. Mais especificamente, eles chegaram à costa oeste da América do Norte – que, em relação ao Japão, fica do outro lado do Oceano Pacífico.

Foi o que aconteceu com a bola de futebol que um menino de 16 anos chamado Misaki Murakami ganhou de seus amigos. Depois de ser levada pelo tsunami e atravessar o oceano, ela foi encontrada na ilha de Middleton, no Alasca, em março deste ano, e finalmente devolvida ao dono. Misaki só foi encontrado porque a bola estava identificada, o que não aconteceu com a maioria dos objetos.

A bola de Misaki Murakami é um dos dez itens que a NOAA conseguiu identificar até junho deste ano como provenientes do tsunami (Foto: David Baxter)

“É difícil dizer de onde o lixo veio se não houver alguma informação que o identifique, como um nome ou, no caso dos barcos, um número de registro”, explica Keeley Belva, representante da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

E os outros itens? A NOAA não sabe quantos ainda estão flutuando, mas tentou, com alguns cálculos, descobrir onde eles estão. De acordo com a agência, é provável que a maior parte do lixo que ainda resta esteja dispersa ao norte das ilhas havaianas e à oeste do Atol de Midway.

Para chegar a esta conclusão, a NOAA incluiu informações sobre os ventos e as correntes marítimas do último ano nos seus cálculos. Isso foi necessário porque essas forças da natureza são as responsáveis por movimentar os objetos flutuantes no mar. Assim, com essas informações e sabendo o ponto de partida, foi possível simular como o lixo deve ter se movimentado e calcular a localização atual mais provável.

A partir dos dados de ventos e correntes marítimas do último ano, a NOAA calculou a provável localização dos objetos que foram varridos para o Oceano Pacífico pelo tsunami. A área destacada no mapa representa a região onde estaria concentrada a maior parte dos objetos (Imagem: NOAA, tradução livre)

“Nosso modelo diz onde o lixo deve estar agora, mas não pode dizer quando o lixo vai atingir a costa dos Estados Unidos no futuro, porque não existem previsões de como os ventos e correntes oceânicas vão se comportar em longo prazo”, conta Ben Sherman, outro representante da NOAA.

Ele explica também que o lixo flutuante nos oceanos não existe só por causa dos tsunamis: é um problema constante, gerado pela poluição. “Reduzir, reutilizar e reciclar é nossa mensagem principal. Se as pessoas seguissem essas dicas, o lixo seria um problema muito menor ao longo das nossas costas”, complementa.

Matéria publicada em 17.09.2012

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Joyce-Santos

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