“Quem já viu o curupira
Cai sempre em contradição:
Uns falam que é gigante,
Outros que é um curumim
E outros que é um anão.”
O início do poema “O Curupira”, escrito por Elias José e publicado na CHC 67, fala sobre algo que pode deixar a gente com uma pulga atrás da orelha. A cada história, esse personagem do folclore brasileiro assume uma imagem diferente. Uns dizem que ele tem cabelos compridos e baixa estatura, outros contam que é totalmente careca e muito alto. Afinal, por que a aparência do curupira muda a cada história?
Segundo Tatiana Salem, autora do livro Curupira Pirapora, as diferentes descrições do curupira surgem por conta de um velho ditado: quem conta um conto, aumenta um ponto. “De tanto contar e recontar a história do curupira, as pessoas encontram muitas formas de descrevê-lo”, explica. “Todo curupira tem os pés pra trás, mas, às vezes, as pessoas esquecem uma característica e acabam inventando outras.”
No livro de Tatiana, o curupira tem cabelo cor de fogo, pelos verdes e olhos amarelos. Para compor o personagem, ela usou a imaginação e pesquisou bastante. “A cada história que li, notei que o curupira mudava e escolhi a aparência que achei mais simpática”, conta.
Confira, no vídeo abaixo, uma conversa da CHC com Tatiana Salem e Vera Tavares:
Para a portuguesa Vera Tavares, ilustradora de Curupira Pirapora, histórias populares são contadas tantas vezes que ganham liberdade para mudar a todo tempo. “Também existem várias versões da Chapeuzinho Vermelho e da Cinderela, que mudam a cada vez que a história delas é contada”, diz Vera.
Seja careca ou cabeludo, com pelos verdes ou marrons e olhos amarelos ou azuis, o curupira está sempre pronto a salvar a floresta. E você? Como imagina o curupira?