O início dessa história é há 200 mil anos. Estamos observando os primeiros seres da espécie humana. São andarilhos e caminham pela Terra. Tudo é novidade, e é preciso garantir o próprio sustento. Eles estão expostos a animais ferozes e gigantes, como o tigre-dentes-de-sabre e o mamute. São presas fácies. Somente os mais fortes e bem adaptados conseguem sobreviver a doenças, machucados produzidos por mordidas de animais, que inflamavam e levavam à morte, e uma infinidade de outros desafios.
Passamos a um momento em que o ser humano se organizou em aldeias. As pessoas doentes e feridas puderam se fixar, normalmente, para morrer. Lembre-se de que não existiam ainda recursos como remédios, antissépticos, curativos ou métodos de prevenção à saúde, como as vacinas.
Com moradia mais fixa, a nossa espécie passou a domesticar outros animais, que traziam com eles uma série de microrganismos que acabavam contaminando as pessoas. Mas o mundo dos seres invisíveis era ainda desconhecido dos seres humanos. E, quando queremos explicar algo que desconhecemos, começamos a criar possibilidades…
Sem entender muito de onde vinham as doenças e, consequentemente, a morte, a possibilidade mais aceita pelos povos antigos era o invisível, ou seja, algo enviado pelos deuses. Agora, já estamos num momento da História em que existem diferentes crenças e religiões, e cada um, segundo o que acreditava, encontrava no sobrenatural explicações para adoecer e morrer.
Por essa forma de pensar, em que as doenças eram vistas como uma punição divina, as pessoas que conseguiam se livrar da morte eram apontadas como escolhidas pelos deuses. E as histórias para justificar o castigo ou o perdão eram as mais variadas.
Para os antigos gregos, por exemplo, as doenças eram mandadas como castigo pelo deus Apolo, que atirava flechas envenenadas contra as cidades. Já na Idade Média, quando a Igreja Católica comandava muitas nações lado a lado com os reis, para atingir a imunidade – ou seja, não contrair determinada doença – ou se livrar de uma moléstia era preciso um grande sacrifício. Foi nessas circunstâncias que surgiu a autoflagelação, ato de machucar a si próprio para se livrar do pecado e merecer a saúde.
Nesta época, já era possível entender que existia o contágio, isto é, a transmissão de uma doença de uma pessoa para outra.
Muitas doenças transmissíveis ou contagiosas acompanham a história da humanidade. Algumas ficaram conhecidas popularmente como ‘pestes’. E uma dessas pestes acabaria abrindo o caminho para o desenvolvimento das vacinas: a varíola. Nossa viagem agora segue para o Oriente!
A varíola foi uma das doenças que mais se espalhou pelo mundo. Entre os séculos 16 e 17 já estava em todos os cantos da Terra. A maior parte das pessoas não resistia às suas consequências e morria.
Foi no Oriente, onde se acredita que varíola tenha começado, que surgiram técnicas importantes no combate à doença. Na China e na Índia, percebeu-se que algumas pessoas, mesmo ficando doentes, sobreviviam, e, quando pegavam a varíola de novo, os sintomas eram mais leves. Suspeitava-se que havia algo de especial na pessoa resistente, que impedia que a doença a matasse. Dessa conclusão nasceram duas técnicas diferentes…
Na China
Os chineses esperavam que as feridas da varíola secassem e formassem uma crosta. Depois, recolhiam as casquinhas, que eram trituradas para formar um pó. As pessoas passaram a andar com um pequeno frasco cheio desse pó pendurado no pescoço. De vez em quando, abriam o recipiente e aspiravam um pouco do conteúdo para adquirir imunidade contra a doença.
Na Índia
Os indianos colhiam o líquido das feridas frescas (cheias de vírus) com pequenos gravetos e, com os mesmos gravetos, arranhavam as pessoas saudáveis. A doença quase sempre se manifestava somente na área arranhada e de forma leve. A pessoa se curava e ficava imune, ou seja, não pegava mais varíola.
A técnica surgida na Índia foi chamada variolação, e logo a novidade chegou à Europa. Reis, rainhas, príncipes, princesas etc. e tal passaram a ser imunizados. Mas antes o método era testado em pessoas do povo, uma forma de garantir que a realeza e a nobreza não corressem riscos. Bom, o fato é que a variolação deu certo em muitos casos, e a técnica foi utilizada por bastante tempo.
Agora, vem outra parte da história… Edward Jenner, médico inglês que viveu no século 17, também recebeu a variolação quando criança. Ele cresceu ouvindo a história de uma família que teria contraído a varíola não de outros humanos, mas de uma vaca. Pois é, existiu uma variação da doença, que atacava os bovinos. Quando Jenner cresceu e se tornou médico, o problema persistia, e ele resolveu investigar.
Nossa viagem passa agora por um momento da História em que, apesar da existência do método da variolação, a varíola ainda matava muitas pessoas. A curiosidade de Jenner era maior sobre as que contavam que tinham contraído a variola vaccinae, que é como se diz ‘varíola da vaca’ em latim. Essa variação da doença não costumava ser tão grave, o mais comum era que as feridas se concentrassem nas mãos.
E foi das feridas nas mãos de uma mulher com varíola da vaca (ou ‘vacínia’, como era chamada a variação da doença em português) que Jenner retirou o líquido para injetar no braço de um menino saudável de 8 anos de idade. O menino teve uma reação leve, um pouco de febre, mas não desenvolveu a doença. Jenner repetiu o processo algumas vezes, e o menino não foi contaminado pela varíola.
Com o sucesso do experimento, a velha técnica de variolação foi substituída pela injeção com o material da varíola bovina. Seria o nascimento da vacina? Embora Edward Jenner seja considerado o “pai da vacina”, pode-se dizer que o que ele fez foi dar o primeiro passo, porque, até então, ninguém sabia ainda o mais importante: o que causava a doença? Ninguém sabia nada sobre microrganismos…
Chegamos agora à Itália, no século 18. Agostino Bassi, um cientista italiano que estudava insetos, foi um dos primeiros a perceber e relatar que existiam organismos invisíveis a olho nu que poderiam ser os causadores de algumas doenças.
Enquanto pesquisava bichos-da-seda que pararam de produzir seda porque ficaram doentes, ele observou que esses animais apresentavam manchas brancas. Então, extraiu o líquido dessas manchas e injetou em outros bichos-da-seda saudáveis, que, em pouco tempo, também ficaram doentes. Assim, ele chegou à conclusão de que havia algum organismo nessas manchas causador da doença.
Descobrir que existiam microrganismos e que eles poderiam ser causadores de doenças era uma das últimas peças que faltava para concluir o grande quebra-cabeça do desenvolvimento de vacinas.
Unindo conhecimentos sobre doenças, sobre formas de contágio, sobre imunidade e, finalmente, sobre microrganismos é que as pesquisas sobre vacinas ganharam impulso.
Cientistas de diversos lugares do mundo desenvolveram pesquisas diferentes para chegarmos às vacinas dos dias atuais. Entre eles, temos o alemão Robert Koch, que descobriu o bacilo da tuberculose; o francês Louis Pasteur, um dos criadores da primeira vacina contra raiva; os brasileiros Oswaldo Cruz e Rodolfo Teófilo, pioneiros no combate às grandes epidemias em nosso país, e muitos outros!
Você agora sabe que uma história de sucesso como a das vacinas se faz com muitas contribuições!
E a ciência segue avançando com os imunizantes. Recentemente, diferentes vacinas foram criadas para combater a covid-19, não é mesmo? E foram desenvolvidas em tempo recorde, com o conhecimento acumulado ao longo dos tempos, com o objetivo de salvar vidas.
Você agora sabe que uma história de sucesso como a das vacinas se faz com muitas contribuições!
Vivian Mary B. D. Rumjanek
Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Com base em seu livro Uma breve história das vacinas)
Matéria publicada em 23.08.2023
Bianka Iohany Pereira de Lima
Gostei das explicações achei bem detalhadas e interessantes, algumas coisas eu já sabia e outras não
Maria Clara Cruz de Jesus Aragao.
Olá adorei o texro! Eu não sabia que a vacina foi criada assim! Que legal eu gostaria que vocês mandassem mais sobre doenças e essas coisas beijos! Maria Clara Aragão. Aracaju /SE.
Fabrícia da Silva matosinho
Está revista está muito boa cheia de novidades interessantes fala até a estória das vacinas.
Hunter
Oi eu gostei da seus livros
Antônia Bispo de Lavor
Gama, DF 17 de Setembro de 2023
Revista Ciência Hoje para Criança
Oi, pessoal da CHC!
Meu nome é Antônia Bispo de Lavor, estou no 4° ano da Escola Classe 302 Norte. Estamos aprendendo a fazer cartas, e decidir enviar uma sugestão para vocês. Gostaria de solicitar que fosse feita uma matéria sobre o desaparecimento dos dinossauros em nosso planeta.
Ficaria agradecida e feliz se esse pedido fosse atendido.
Obrigada pela atenção!
Antônia B. L.
Nathália
Matéria muito interessante! É de meu interesse esses tipos de conteúdo sobre vacinas e virús
Esther Araújo João Pessoa
Olá pessoal da CHC!
Meu nome é Esther Araújo de João Pessoa adorei o texto queria que vocês publicassem uma revista falando sobre germes.Beijos tchau
Alunos do 4º ano A da escola DDR
Olá revista CHC!
Nós alunos do 4º ano A da E.E Domingos Donato Rivelli ,lemos na aula de ciências a reportagem ”Um pouco sobre a história das vacinas” publicada na edição 347 no dia 23/08/2023.
Nós gostamos muito da reportagem pois aprendemos mais sobre a história do surgimento das vacinas. Uma coisa que nos chamou atenção é que antigamente os chineses andavam com um recipiente no pescoço, para respirar o conteúdo para adquirir imunidade contra as doenças.
Parabéns pela reportagem, e desejamos ler outras reportagem desse tipo.
Abraços alunos do 4 ano
Cynthia Pereira
Salvador, 29 de setembro de 2023.
Olá revista CHC!
Gostaríamos de parabenizar os responsáveis pela reportagem sobre o surgimento da vacina e a sua importância. Estamos estudando sobre os microrganismos e achamos muito interessante a história que levou a descoberta de algo que pudesse vencer as bactérias e proteger as pessoas desses seres microscópicos. Gostamos também de saber sobre como alternativas próximas da vacina foram criadas na China e na Índia e quem ajudou a cria-la, para combater grandes epidemias no Brasil (Oswaldo Cruz e Rodolfo Teófilo). A matéria deixa claro, que quando as pessoas se vacinam, elas não apenas protegem a si mesmas, mas também contribuem para a prevenção e controle de doenças infecciosas em toda a comunidade. O nosso elogio vai especialmente para forma direta e clara de passar para as pessoas, que as vacinas são fundamentais para salvar vidas.
Abraços dos alunos do 4° ano D, do Colégio Anchietinha Aquarius.
Geovana, aluna do 8 ano da E.M.E.B Cícero Clementino de Medeiros, São Benedito- Ceará
Adorei saber mais um pouco sobre às vacinas que nós protegem de tantas doenças parabéns pelo trabalho tão bem feito um abraço enorme
Adrian
Eu amei
Emilly Vitória Pires da Silva
Olá ? ,meu nome é EMILLY VITÓRIA gostaria que vocês lecem esse comentário. Eu gosto muito de cobras ?, é fascinante como elas trocam de pele. Mas vamos au assunto, eu queria saber como fazer pra diferenciar uma cobra venenosa de uma cobra inofensiva .
Emilly Torres Fontinati
Oii, eu sou do 5° ano e amo as revistas! Gosto muito das matérias e sempre temos trabalhos em grupos, duplas ou trios sobre as matérias!
Ana Beatriz de Oliveira silva do 8ano da E.M.E.B.Francisco Rodrigues De Medeiros, São Benedito- Ceará
Na minha opinião a vacina é muito importante porque alguns anos atrás morria muitas crianças porque não Tião acesso as vacinas atualmente muitas crianças tem acesso outras não tem porque nem todo posto de saúde tem
Ana Beatriz de Oliveira silva do 8ano da escola E.M.E.B.Fraciasco Rodrigues De Medeiros, São Benedito -ce .
Na minha opinião a vacina é muito importante porque alguns anos atrás morria muitas crianças porque não Tião acesso as vacinas atualmente muitas crianças tem acesso outras não tem porque nem todos os posto de saúde tem
Ilana Karine
Muito bom aprender mais sobre as vacinas obrigada
Ilana Karine
Hi air from ??
Francisco
Muito obrigado, estou no 6° ano e estou estudando em ciências as vacinas e aqui pude aprender sobre a história das vacinas
Antonella
OLÁ, CHC!
QUE LEGAL E GOSTEI MAIS DO MENINO QUE ERA SALDAVEL E NAO FICOU DE DOENTE
BEIJOS Antonella
Alana
Olá CHC!
AMEI MUITO A HISTÓRIA QUE FOI CONTADA
Beijos,
Alana
João Gabriel Pereira Guedes Leite
Olá.
Isso é muito bom para aprender sobre as vacinas