
Porã era um menino indígena. Bonito e metido a gente grande, resolveu desbravar a mata, mesmo ainda não tendo idade para isso. Iluminado por Tupã, deus do trovão, embrenhou-se floresta adentro e nunca mais foi visto. Seus olhos eram castanhos, quase vermelhos, da mesma cor dos seus cabelos cor de fogo.,
Quando Porã morava na aldeia, lembram os mais velhos, ele era muito dedicado à natureza, mais do que qualquer outro indígena. Havia nele um amor maior por todo o verde que o rodeava, por isso sua partida foi muito sentida.
Em uma noite escura, daquelas de céu encoberto por nuvens densas de chuva, os indígenas ouviram, dentro da mata, próximo à aldeia, o tilintar da sapopema, uma árvore gigante e sagrada, que dá abrigo aos indígenas, quando transformada em cabana, em noite de temporal. Toda a aldeia tem uma por perto, mas essa estava longe, muito longe… Só dava mesmo para ouvir o barulho. Parecia alguém batendo no tronco.
Foi ao som da sapopema que ele foi visto pela primeira vez. A madeira fez barulho, e o primeiro vulto apareceu. Marcas no chão eram de gente sempre indo, nunca vindo… Dizem, os que presenciaram a aparição, que ouviram um assovio alto e um clarão vermelho apareceu. Alguns garantem que era o balançar dos cabelos do menino Porã, que se encantou e nunca mais saiu da floresta.
Em dias de caça, os indígenas levam consigo penas de aves coloridas, leques, sementes e outros agrados para ofertarem a Porã, que, em troca, não permite que se percam na mata. Assim, Porã não gera medo, é considerado um protetor, e a mata se torna um lugar seguro pela sua presença. Mas, para quem fizer a mal à floresta, a coisa muda de figura…
Porã age contra os caçadores profissionais ou contra qualquer pessoa que coloque a natureza sob ameaça. Confunde pelas pegadas, porque tem pés virados para trás. Cega os malfeitores com o clarão que vem dos seus cabelos e os assusta com a vara de porcos-do-mato que o acompanha.
Quem faz o mal deve temer Porã, que nas zonas urbanas é conhecido como Curupira!
*O curupira faz parte das narrativas orais indígenas, contos que são passados de geração em geração e que ultrapassam os limites das aldeias. Ele é o guardião da floresta e cuida de sua conservação. Foi escolhido como ícone da Conferência das Partes, a COP30, sediada no Brasil, em 2025.
Matéria publicada em 01.10.2025
Ikaro Lima Mota
olá,CHC
Me chamo Ikaro da escola municipal João Oriani 5º ano a conheci a revista CHC na aula de língua portuguesa, gostei muito e vim parabenizá-los! Adorei muito da história Porã e vou continuar lendo todas as lendas.
abraços!
Ikaro