Você já pegou piolho? A cabeça coça, coça, sem parar! Deve dar para imaginar o que passam as baleias com centenas de milhares de piolhos… E elas nem podem se coçar! Alguns cientistas acreditam que os saltos das baleias são para tirar esses parasitas que normalmente ficam alojados nas fendas genitais (por onde esses animais fazem xixi e cocô e também se reproduzem), nos orifícios respiratórios e nas feridas do corpo.
Como os parasitas apresentam hábitos diferentes dos animais de vida livre, sua forma é geralmente modificada para ele se agarrar ao hospedeiro. Assim, piolhos-de-baleia possuem um corpo achatado, fortes garras para se segurarem na baleia, olhos pequenos e uma boca modificada. Olha a cara dele aí!
Esses piolhos-de-baleia estão presentes em quase todas as espécies de baleias e golfinhos. Eles são moradores fiéis e podem passar a vida inteira em cima de uma mesma baleia! Como esses piolhos não conseguem nadar, para sair de um animal para outro eles precisam esperar que duas baleias se encontrem e se toquem, formando uma ponte entre os dois hospedeiros.
Além disso, uma espécie de piolho-de-baleia geralmente parasita apenas uma espécie de baleia. Isso quer dizer que a espécie de piolho encontrada em uma baleia jubarte é diferente da espécie de piolho da baleia-franca, por exemplo.
As informações coletadas ao longo dos anos sobre esses piolhos hoje ajudam nas pesquisas sobre comportamento das baleias e golfinhos. Um exemplo é o recente trabalho de pesquisadores do Rio de Janeiro (Museu Nacional em parceria com a Fiocruz), que encontraram uma espécie diferente de piolho-de-baleia parasitando um filhote de baleia-franca-austral, que encalhou na costa fluminense. Nesse estudo, foi possível observar, por exemplo, o convívio entre duas espécies: filhotes de baleia-franca com uma baleia jubarte.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão porque que o filhote de baleia-franca apresentava uma única espécie de piolho-de-baleia, que é típica de baleias jubartes, mas que não é encontrado nas baleias da mesma espécie do filhote. Registros de convívio entre duas espécies de baleias são bastante raros, possivelmente, este encontro durou um tempo considerável para que os piolhos das jubartes conseguissem passar para o filhote de baleia-franca.
Baleias jubartes e baleias-francas-austrais são comuns no litoral brasileiro, onde passam os meses de julho a novembro para se reproduzir e amamentar. Mas o convívio entre essas duas espécies nunca foi registrado antes. Assim, os piolhos são uma boa fonte na pesquisa sobre os hábitos das baleias. Esses parasitas incomodam, mas permitem muitas descobertas, além de completarem algumas peças desse quebra-cabeça da vida animal.
Nome: Cyamus boopis
Tamanho: cerca de 11 milímetros (machos) e cerca de 9 milímetros (fêmeas)
Adoro me hospedar em baleias-jubarte. Elas têm uma longa cauda e mergulham bem fundo. Eu me agarro com minhas várias garras e não caio. Meus amigos se espalham por todo corpo do animal, mas gostamos mesmo de ficar nas dobrinhas!
Nome: Isocyamus indopacetus
Tamanho: cerca de 9 milímetros (machos) e ninguém conhece a fêmea
Não tenho muitos amigos, gosto de ter uma baleia de estimação só pra mim. Vivo preso a baleias bicudas, como a baleia-bicuda-de-Longman, que na verdade são parentes dos golfinhos. Quando elas mergulham em grandes profundidades, eu me agarro bem forte pra não me perder no fundo do mar, já que não sei nadar! Vivo nas baleias bicudas do outro lado do mundo e nunca fui encontrado no Brasil.
Tammy Iwasa Arai e Cristiana Serejo
Departamento de Invertebrados, Museu Nacional
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Matéria publicada em 23.01.2019
Anna Elise
Apesar de serem fofos , eles parecem ser perigoso!
Tammy
Olá Anna Elise, não se preocupe, eles não fazem mal às baleias quando elas estão saudáveis!
Raquel
A baleia não sofre coceiras e ou incomodo com isso? Como fazer para retirar os piolhos dela?
Tammy
Oi Raquel! As baleias tambem devem se incomodar com esses piolhos, e os pesquisadores acreditam que esse seja um dos motivos pra elas pularem para fora d’água. Quando elas pulam, ao baterem na superfície da água elas podem acabar jogando alguns piolhos pra longe
Rafael
Gente tadinhas!! Que agonia estar cheio desses vizinhos insuportáveis. Coitadas, já não bastavam as cracas todas grudadas, ainda tem esses piolhos. Isso concerteza incomoda muito! Da pra sentir isso…
Tammy
Oi Rafael, eu concordo com você! Deve ser bastante incômodo, mas as baleias aprenderam a conviver com eles é essa parceria já dura muitos e muitos anos!
Kauane
Esses piolhos fazem mal para os seres humanos?
Tammy
Oi Kauane,
Esses piolhos não fazem mal aos seres humanos. Eles podem grudar numa pessoa e dar umas mordidinhas, mas não conseguem viver fora de uma baleia ou golfinho por muito tempo. Além disso, eles não transmitem doenças até onde sabemos.
3º ANO A - ESCOLA IRINEU
QUE DÓ DAS BALEIAS!!!! ADORAMOS A MATÉRIA, APRENDEMOS MUITO!!!
Tammy
Obrigada, pessoal!!!
José Basseto Filho
O SER HUMANO PODERIA COMECAR A INTERAGIR COM AS BALEIAS E RETIRAR ESSES PIOLHOS E CRACAS.
Tammy
Oi José! Eles vivem há muito tempo juntos, e a interação entre humanos e baleias é muito pior que a interação entre piolhos e baleias!
Uly
Nem os animais do mar escapam dos parasitas ,pobres de nós seres vivos… “Cada qual no seu canto sofre seu tanto ” , pois é. ☝️
Tammy
Verdade, Uly! Mas eles são muito legais, não?
Andréa Luciane
Estou fascinada com as informações, mas quero saber se as cracas ou crisântemos da baleia Jubarte provoca dores nos seu alvos(as baleias)
Tammy
Até onde sabemos quando uma baleia está saudável, as cracas e piolhos ficam em pequenas quantidades, e não causam dor para as baleias 🙂