A figura de um homem gravada na pedra. Esta é a descrição da nossa obra de arte mais antiga – ou pelo menos a mais velha já descoberta até agora no continente americano. Datada de pelo menos 9,5 mil anos atrás, a imagem foi encontrada no sítio arqueológico da Lapa do Santo, em Minas Gerais.
Pode parecer difícil reconhecer um homem na figura (veja a foto), mas, com alguma atenção, dá para notar a cabeça em forma de “C” e as mãos com apenas três dedos. É que os padrões de arte pré-históricos certamente eram muito diferentes dos de hoje…
Em todo caso, a gravura – escavada em baixo relevo na pedra – despertou a atenção dos pesquisadores. Eles ficaram com uma pulga atrás da orelha e resolveram investigar quando havia sido feita.
Quando investigam pinturas pré-históricas, os arqueólogos geralmente pegam uma amostra da tinta usada e, ao analisá-la, conseguem dizer com certa precisão quando a obra foi feita. Quando se trata de gravuras, porém, a coisa é mais complicada: não há tinta, porque o desenho é escavado na própria rocha. Assim, fica quase impossível dizer quando foram feitas!
Por sorte, os pesquisadores encontraram a gravura sob os restos de uma fogueira. Eles analisaram, então, os pedaços de madeira e outros materiais e concluíram que a idade mínima dessa obra de arte pré-histórica seria 9,5 mil anos – embora ela possa ser ainda mais antiga.
No mesmo local, também foram encontradas outras figuras parecidas. “Porém, para essas gravuras não temos datação, porque elas estão nas paredes e não cobertas por sedimentos como restos de fogueiras”, explica o bioantropólogo Walter Alves Neves, da Universidade de São Paulo, que coordenou o estudo.