Ai, que medo do ebola!

Você já ouviu falar do ebola? Seja no telejornal ou no colégio, muita gente está comentando sobre esse vírus depois que ele deixou várias pessoas doentes. Mas, afinal, o que é o ebola e por que ele causa tanto medo?

Veja, em vermelho, o vírus ebola, que recebe esse nome por ter sido descoberto em um paciente infectado próximo ao rio Ebola, localizado no Congo. (foto: NIAID / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Veja, em vermelho, o vírus ebola, que recebe esse nome por ter sido descoberto em um paciente infectado próximo ao rio Ebola, localizado no Congo. (foto: NIAID / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Tudo começou em 1976, quando o diretor de uma escola no Congo, país da África Central, ficou doente e morreu. Depois de muita pesquisa, os cientistas descobriram que ele e outras pessoas do lugar adoeceram por causa de um vírus ainda desconhecido, ao qual deram o nome de ebola, já que o diretor foi infectado próximo a um rio com o mesmo nome.

No início, a África Central era a região mais acometida pela doença causada pelo ebola, pois abriga um morcego gigante conhecido como raposa-voadora. Capaz de contrair o vírus sem ficar doente, o mamífero é considerado um reservatório que pode espalhar o vírus ebola por aí. Imagine o perigo?

Conhecido como raposa-voadora, este morcego gigante é capaz de carregar o vírus ebola sem ficar doente, podendo espalhá-lo por aí. Que perigo! (foto: Sergey Yeliseev / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/) CC BY-NC-ND 2.0 (/a))

Conhecido como raposa-voadora, este morcego gigante é capaz de carregar o vírus ebola sem ficar doente, podendo espalhá-lo por aí. Que perigo! (foto: Sergey Yeliseev / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/) CC BY-NC-ND 2.0 (/a))

Com o passar dos anos, outros países da África viveram surtos da infecção e, em dezembro de 2013, começou a atual epidemia. Dessa vez, o surto começou na África Ocidental, parte do continente que também abriga o raposa-voadora. E foi lá que, em menos de 1 ano, mais de 4 mil pessoas morreram infectadas pelo vírus.

De uma pessoa para a outra

Mas não pense que o ebola se espalhou apenas por meio do morcego – afinal, ele vive dentro da floresta, bem longe de nós. “Quando o ser humano invade a floresta, seja para desmatar ou caçar um animal, ele pode entrar em contato com o morcego, ser contaminado e levar o vírus para outros locais”, explica a infectologista Otilia Lupi, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A partir daí, quem entrar em contato com o sangue ou fluidos corporais de pessoas infectadas, como saliva e vômito, pode também se contaminar.

Para lidar com o ebola, os profissionais de saúde devem usar equipamentos que os deixem protegidos contra o contato com o vírus. (foto: Army Medicine / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Como o ebola também é transmitido de uma pessoa para outra, os profissionais de saúde que lidam com pacientes infectados devem usar equipamentos que os deixem protegidos contra o contato com o vírus. (foto: Army Medicine / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Desde 1976, 21 epidemias da doença já aconteceram. Porém, dessa vez o vírus se espalhou rapidamente por causa das características da Guiné, país africano onde o surto atual começou. “As pessoas desse local se visitam muito, diferente de surtos que ficaram em comunidades rurais e não se espalharam”, explica Otilia.

Além dos países africanos, locais como os Estados Unidos também tiveram pessoas infectadas. Como os sintomas iniciais do ebola lembram os da gripe, como febre e dor no corpo, muita gente pode não saber que está com a doença e acaba viajando para outros lugares, levando o vírus consigo. Mas, atenção: diferentemente da gripe, o ebola não pode ser transmitido pelo ar.

Otilia também explica que o perigo da doença está na evolução para uma forma chamada de febre hemorrágica que causa perda excessiva de sangue, podendo levar à morte. “Cerca de 30 a 40% dos casos podem evoluir para esse estágio”, diz a infectologista. Mesmo assim, em muitos casos, o próprio corpo se cura da doença sozinho.

Sem pânico!

Descobrir a capacidade que o ebola tem de se espalhar pode deixar você assustado. Porém, é importante saber que, no Brasil, não há presença do raposa-voadora e o único jeito de o ebola entrar no país é caso alguém venha infectado de outros locais. E, se isso acontecer, os profissionais de saúde brasileiros estão muito bem preparados.

Apesar de ser um acontecimento muito triste, o surto de ebola abre portas para que os cientistas busquem novos tratamentos e até mesmo vacinas contra o vírus. (foto: NIAID / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Você sabia que, apesar de ser um acontecimento muito triste, o surto de ebola pode até abrir portas para que os cientistas busquem novos tratamentos e vacinas contra o vírus? (foto: NIAID / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Prova disso foi o caso de um homem que, no início de outubro, saiu da Guiné, na África, para o Marrocos e de lá veio até o Brasil. Aqui, ele foi a um posto de saúde apresentando febre e mal-estar e, quando os médicos souberam de onde o homem vinha, logo o enviaram para a Fiocruz, onde ficou isolado para que não entrasse em contato com ninguém até que saísse o resultado dos exames, que deram negativo para o ebola. Ufa!

Portanto, nada de pânico: vamos ficar de olho nas novas descobertas da ciência e torcer para que todos se livrem logo desse vírus.

E a cura? 

Apesar de muito esforço dos cientistas, ainda não existe uma cura para o ebola. No entanto, é em casos como o surto atual que a ciência dá os primeiros passos para buscar um tratamento e até mesmo uma vacina contra o vírus. Medicamentos que ainda não testados em humanos foram aplicados emergencialmente nas pessoas infectadas e algumas foram curadas.

Além disso, o sangue dessas pessoas está sendo estudado para a produção de soros capazes de agir como um antídoto contra a infecção, já que aqueles que adoecem pelo ebola uma vez ficam imunes à nova infecção pela doença por toda a vida.

Segundo Otilia, outras doenças que hoje já não metem em medo em ninguém foram, no passado, tão assustadoras quanto o ebola. “A malária e a dengue também saíram de dentro da floresta”, diz. “O importante é entendermos como a doença ocorre e, em seguida, controlar os animais envolvidos na cadeia, como fazemos com o mosquito da dengue.”

Outro exemplo é a febre amarela que causou grandes epidemias no século 15 e, no início do século 20, teve uma vacina desenvolvida. “A doença foi empurrada de volta para a floresta, e acomete apenas quem não for vacinado e entrar na floresta”, adiciona a infectologista.