A vida em alto-mar

O Black Bearl ('Pérola Negra') na Baía de Guanabara. A bordo desse barco, Paul Cayard e sua tripulação vivem muitas aventuras em alto-mar (fotos: divulgação/Pescanova)

Houve um tempo em que, para conhecer outros continentes e viajar por grandes distâncias, existia apenas uma maneira: ir pelo mar. Era a época das grandes navegações, período em que vários povos, sobretudo os europeus, realizaram longas viagens marítimas e chegaram a terras que, para eles, eram desconhecidas. Hoje grandes distâncias podem ser percorridas de avião, trem, ônibus. Mas há aqueles que ainda buscam navegar os sete mares e viver aventuras nos oceanos, em um barco a vela. Como deve ser o dia-a-dia dessas pessoas, que passam horas, meses ou até anos em alto-mar?

Para responder a essa pergunta, o capitão Paul Cayard conversou com cerca de 500 crianças no Rio de Janeiro, no final de março. Desse assunto ele entende: o norte-americano é heptacampeão de regatas – competições de barcos a velas –, ou seja, já venceu sete vezes esse tipo de campeonato. Agora participa da regata Volvo Ocean Race (em português, algo como Corrida Marítima Volvo), uma competição que acontece de quatro em quatro anos, dá a volta ao mundo e reúne barcos a vela de vários países, inclusive do Brasil.

A bordo do barco The Black Pearl (‘A Pérola Negra’), Paul conta com uma tripulação de oito pessoas. Os Piratas do Caribe – como são chamados os tripulantes comandados por Cayard – têm várias funções. Uma delas consiste em ficar junto do mastro, localizado na proa (a parte dianteira da embarcação), para verificar as velas: vistoriar essas peças de tecido que impulsionam a embarcação com a força dos ventos para saber se elas estão em perfeito estado de conservação, por exemplo. Além dos Piratas do Caribe, no entanto, o capitão Paul tem ainda a ajuda de uma outra equipe, que fica em terra firme e é responsável por fazer qualquer reparo que seja necessário no barco.

 

O capitão Paul Cayard conversa com crianças do Rio de Janeiro sobre a vida em alto-mar.

Na conversa que teve com as crianças brasileiras, Paul Cayard explicou que, para ficar muito tempo no mar e viajar o mundo todo como ele faz, é preciso ser corajoso. Ele e sua tripulação enfrentam muitos perigos como icebergs e tempestades. Para navegar em clima muito frio, eles vestem uma roupa especial que tem três camadas. A primeira é feita de uma malha térmica – parecida com um moletom –, que mantém a temperatura corporal; a segunda é um macacão de material impermeável e a terceira também é uma roupa à prova d’água, porém mais resistente.

Para comer, a tripulação tem à sua disposição produtos congelados e desidratados, como macarrão e picadinhos de carne, que são pré-cozidos. Para prepará-los, basta colocar água fervendo e pronto! A água é esquentada em um fogareiro a gás, bem pequeno, de uma só boca.

Para navegar nos mares gelados, a tripulação precisa de uma roupa especial

Água a bordo, aliás, deve ser poupada. Assim, tomar banho não é hábito de todos os dias para a tripulação. O líquido é transportado em tanques, que são acoplados de um lado e de outro do barco. Já ir ao banheiro é inevitável, então, existe uma cabine apropriada para as necessidades diárias do pessoal.

Por essas e outras, quem quiser se aventurar no mar deve estar preparado, com uma saúde de ferro e nervos de aço para enfrentar os perigos. Se você ficou enjoado só de ouvir falar no mar, não fique triste: é possível acompanhar as aventuras do comandante Paul Cayard e de outros barcos que participam da Volvo Ocean Race pela internet, na página da competição. Ela está em inglês, mas tenho certeza de que algum amigo que sabe essa língua vai querer navegar com vocês por esse mar de informação!

Matéria publicada em 22.06.2010

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Cathia Abreu

Adoro aprender coisas novas. Tenho a sorte de trabalhar me divertindo e fazendo descobertas todos os dias.

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