Você que leu a CHC 104 sabe que parasitas são animais que buscam garantir, através de um ser de outra espécie, algum benefício que não são capazes de conseguir sozinhos. Nesse texto, apresentamos algumas relações de parasitismo existentes na natureza.
Hoje, queremos falar de uma relação parasitária específica: vamos contar a incrível história da vespa que modifica a maneira como uma aranha constrói sua teia.
Um dia, uma aranha pertencente à espécie Plesiometa argyra estava construindo sua teia quando ouviu um barulho estranho. Seria o almoço, quer dizer, um inseto que se aproximava? A aranha parou o trabalho e ficou quieta. De repente, uma vespa aproximou-se da teia e a aranha não teve como reagir: em segundos, foi picada e paralisada pela substância que a vespa injetou nela. Aproveitando sua imobilidade, a vespa colocou um ovo no abdome da aranha e foi embora.
Após alguns momentos, o efeito da picada da vespa passou e a aranha voltou ao normal: continuou construindo sua teia em forma de círculo para capturar suas presas. Em um período de cerca de 7 a 14 dias, uma larva saiu do ovo da vespa e foi crescendo no abdome da aranha, alimentando-se de uma substância produzida por ela. Até que chegou a hora em que a larva deveria sair: nesse dia, a aranha começou a construir uma teia totalmente diferente do modelo circular normalmente feito por ela.
Quando a teia especial ficou pronta, a larva saiu do abdome da aranha, matou-a e comeu-a! Na teia, a larva construiu seu casulo, no qual ela se desenvolveria até se tornar uma nova vespa. A larva utilizou a aranha para obter algo que não conseguiria sozinha: um suporte mais forte e durável para seu casulo, que poderia ser destruído por chuvas fortes. Por isso, a relação entre a larva e a aranha é uma forma de parasitismo.
Essa relação parasitária foi estudada pelo pesquisador William Eberhard. Ele acha que a larva da vespa forçou a aranha a construir a teia-casulo pela ação de substâncias químicas. Para chegar a essa conclusão, o cientista retirou a larva do abdome da aranha um pouco antes de ela começar a construir a teia-casulo. Ele pensou que a aranha poderia estar construindo a teia diferente só porque a larva estava em seu abdome. Se ela não estivesse ali, a aranha construiria uma teia normal. No entanto, mesmo quando a larva foi removida, a aranha continuou a construir a teia-casulo. O cientista concluiu que a larva da vespa deveria usar uma substância para mudar o comportamento da aranha. Quando a larva foi retirada, a substância continuou agindo e a aranha continuou construindo a teia-casulo.