Já imaginou se você pudesse fazer uma viagem para uma galáxia bem distante daqui? Será que haveria humanos morando lá? E os bichos, como seriam? Máquina fotográfica, papel e lápis seriam indispensáveis para registrar tudo. Só assim seus amigos poderiam acreditar nas histórias fantásticas que você contaria sobre o que viu durante a viagem. Foi em uma aventura parecida com essa que se lançaram os exploradores que aportaram nas Américas, então chamadas de Índias Ocidentais, em meados do século 16. Para eles, as terras recém-descobertas eram tão desconhecidas quanto uma galáxia distante seria para você. Esses viajantes vinham para cá em expedições que reuniam um grupo de pesquisadores com o mesmo objetivo: explorar as novas terras.
Algumas das impressões desses exploradores sobre a nova terra podem ser conferidas na exposição A Ciência dos Viajantes, apresentada pela Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com textos, fotos e pinturas, a mostra conta a história dos 500 anos de expedições cientifícas no Brasil. A exposição é um convite para o visitante tornar-se um cientista viajante: então, prepare a máquina fotográfica e o espírito aventureiro porque a viagem vai começar!
A mostra é uma visita guiada pelas expedições feitas no país até hoje e está dividida em quatro módulos. Ela começa com os visitantes sendo recebidos por monitores e… transportados para 1580! Nesse primeiro módulo, chamado “Inventários do Brasil”, descobre-se que os expedicionários anotavam tudo aquilo que viam em seus diários de viagens. A fauna, a flora e os hábitos dos índios também eram registrados em pinturas, pois a fotografia ainda não havia sido inventada.
Ainda nesse módulo, o visitante vai conhecer a primeira farmácia que existiu no Brasil. Chamada de botica, ela foi criada pelos jesuítas com o objetivo de encontrar curas para as novas doenças que eles conheceram por aqui, como a malária e a febre amarela. Muitos remédios foram ensinados aos europeus pelos próprios índios. Nessa parte da exposição, percebe-se que a colonização proporcionou a troca, entre o Brasil e outros países, de espécies vegetais e animais. Foram os europeus que trouxeram os cavalos para cá, por exemplo. Em compensação, a principal atividade econômica de Portugal durante o século 16 foi a extração predatória do pau-brasil, madeira nobre que hoje está praticamente extinta.
A viagem continua…
O módulo seguinte da exposição, “Holandeses no Brasil”, relata as pesquisas feitas pelos holandeses que chegaram aqui no século 17. No século 18, quando o Brasil ainda era colônia, o interesse de Portugal era reconhecer os produtos naturais, os animais e os hábitos da população para saber se poderiam ser economicamente úteis. Já no século 19, depois da Independência do Brasil, declarada em 1822, as expedições científicas pretendiam reunir coleções de bichos, plantas e minerais, além de informações sobre grupos indígenas, registros de doenças e de práticas de cura entre os índios. A primeira comissão científica de exploração do Brasil foi realizada no Ceará e patrocinada por D. Pedro II.
Você sabia que ele também era conhecido como o ’imperador viajante’? Pois é! D. Pedro II adorava tomar notas nas inúmeras viagens que fazia e tirar fotos. Em meados do século 19, a fotografia foi inventada e a forma de se fazer ciência mudou. Ela abandonou seu caráter imaginário e passou a ser documental. O imperador foi um grande incentivador das pesquisas científicas e criou a Comissão Geográfica do Império, destinada a mapear o país.
No módulo “Mapeamentos da Nação”, vê-se que o século 20 foi marcado por grandes expedições científicas comandadas por brasileiros como Cândido Rondon, Roquette Pinto e Noel Nutels. As viagens feitas por esses cientistas contribuíram para a construção do Brasil como nação. Ao estudarem as condições de moradia, de saúde e as relações de trabalho dos povos indígenas da Amazônia e outros estados, os cientistas estavam fazendo um retrato do Brasil.
O último módulo da exposição, “Inventário das Populações: doenças e costumes”, mostra quais eram os remédios provenientes da flora brasileira que os índios fabricavam e os tipos de doenças que atacavam nativos e exploradores. Depois de ter percorrido a exposição, você ainda vai ter a oportunidade de explorar o espaço cenográfico “Mata Atlântica”, uma reprodução da floresta, onde haverá um acampamento. Com direito a lanterna e diário de anotações, você poderá fazer um desenho, assim como os antigos expedicionários!
A Ciência dos Viajantes
Casa da Ciência / UFRJ
R. Lauro Muller, 3 – Botafogo / Rio de Janeiro/RJ
De 1º de junho a 15 de julho
De terça a sexta, de 9 às 20h;
sábados, domingos e feriados, de 10h às 20h
Entrada franca
Marcação de visitas de grupos: (21) 542-7494