500 anos de muita criatividade

Alguns painéis e objetos apresentados na exposição 500 anos de inventiva no Brasil (fotos: Jaqueline Félix).

Quando se fala em inventor, a gente logo imagina alguém com idéias malucas, em um laboratório onde a qualquer momento algo pode explodir, não é? E quem não gostaria de encontrar um desses inventores e sugerir que ele criasse… uma máquina de fazer dever de casa?! Afinal, idéias geniais não faltam na cabeça das pessoas. E isso não é de hoje! Na exposição 500 anos de inventiva no Brasil, que já passou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro e estará em março no Espírito Santo, é possível conhecer as invenções realizadas no Brasil nos últimos 500 anos.

Nosso passeio pelos inventos começa com o sonho dos portugueses de desbravar o Oceano Atlântico. Os navegadores precisavam enfrentar o que chamavam de Mar Tenebroso – onde imaginavam existir serpentes e monstros marinhos – para encontrar um caminho marítimo para as Índias. Antes de começar a aventura, foi preciso criar vários instrumentos de navegação para ajudar os marinheiros a determinar a localização do barco e a guiá-lo pelo oceano.


Instrumentos de navegação
Com certeza, você já ouviu falar na bússola, mas já viu uma de perto? Pois a exposição apresenta uma bússola de verdade do tempo de Cabral: antiga, grande e colorida. Um barato! É possível também conhecer outros instrumentos de navegação, como o quadrante e o astrolábio. Ah! Aposto que você nunca ouviu falar da balestilha, que também auxiliou a viagem pelo Atlântico! Pois esse é um instrumento criado pelos portugueses para estabelecer latitude em lugares desconhecidos.

Em vez de chegar às Índias, a esquadra de Pedro Álvares Cabral alcançou o Brasil. Ao desembarcar aqui em 1500, os portugueses encontraram os habitantes da terra desconhecida e nossos primeiros inventores: os índios. Com argila, fibras trançadas, madeiras e ossos esculpidos eles eram criaram de adereços para o corpo a armas de guerra!

Inventos indígenas


Fosse para carregar crianças ou produtos do roçado, os índios usavam a mesma invenção: o jamaxin, um cesto de três lados e fundo plano. Feito de folhas de palmeira, ele podia ser levado apoiado na testa ou nos ombros. Bastava escolher! E quem disse que índio não é bom de cozinha? Eles faziam farinha de mandioca, um alimento que os portugueses não conheciam. Mas para prepará-lo, os índios precisavam retirar dessa raiz uma substância venenosa chamada ácido cianídrico, que poderia matar quem a ingerisse. Por isso, eles inventaram o tipiti, um cesto trançado onde a massa de mandioca era espremida até não ter mais uma gota de ácido cianídrico.

No início da colonização, os índios foram usados como escravos, mas acabaram substituídos pelos negros africanos. Trazidos à força nos porões de navios, os africanos trabalharam nas fazendas de cana-de-açúcar, na agricultura e na mineração. Para realizar essas atividades, os portugueses trouxeram instrumentos como a moenda de três cilindros verticais, utilizada nos engenhos do açúcar.

Alguns inventos apresentados na exposição são ilustrados por miniaturas

Você já ouviu o termo balangandãs? Eles são ornamentos de prata que as negras usavam na cintura. Os escravos eram proibidos de trabalhar com prata, porque as pessoas acreditavam que esse metal reproduzia a pureza. Mesmo assim, os negros – provavelmente de Daomé, única nação africana que conhecia fundição de metais – conseguiram driblar as proibições e fizeram os enfeites. Além de serem muito bonitos, os balangandãs tinham significado religioso. Se você pudesse passear pelas ruas do Brasil na época da escravidão, veria escravos carregando pessoas em redes, chamadas de serpentinas. Quando tinham que ir a qualquer lugar, fosse longe ou perto, as pessoas ricas iam na rede, carregadas pelos escravos. Muita moleza, não é?

Na virada do século 20, as cidades cresceram e a população também. As invenções da época eram voltadas para o transporte e o saneamento, pois as pessoas precisavam ir de um lado a outro da cidade rapidamente e havia uma epidemia de peste bubônica, uma doença transmitida por ratos. Mas a doença não era a única preocupação da época: com muito dinheiro no bolso por causa do cultivo de café, moças e rapazes começaram a valorizar a aparência. Os vestidos, roupas e adereços precisavam estar na moda. Só que alguns modismos eram muito curiosos…

Na virada do século, o principal meio de transporte em grandes cidades como o Rio de Janeiro era o bonde. De vez em quando, alguém se distraía e… caia do bonde! Perdia carteira, pacotes… Pensando nisso, José de Sá Cavalcanti criou um apetrecho para ser fixado no bonde que iria aparar os objetos ou pessoas que caíssem dele. Também foram criadas ratoeiras em que o rato, imagine, morria afogado! Sobre um barril era colocada uma caixa contendo queijo. Quando o rato ia devorar a isca, seu peso fazia girar o fundo da caixa e ele caia dentro do barril que estava cheio de água!

Em 1907, Santos Dumont era notícia por voar com o seu aeroplano Demoiselle. Até então, quem imaginava que o homem poderia voar? As pessoas devem ter ficado espantadas! E você? Ficaria de queixo caído ao ver um trem que levita? Ou ao saber que bambus podem se tornar aparelhos para deficientes físicos? Pois é, essas são algumas invenções brasileiras recentes que são apresentadas ao público na exposição. Se você está louco de curiosidade, não deixe de visitá-la!

Na moda


Enquanto as camisas de goma ficavam guardadas no armário, os homens usavam, por baixo do casaco, o chamado peito postiço – uma blusa cortada na altura do peito, sem mangas e que parecia um babador.
Quem visse, não poderia imaginar que o rapaz não tinha blusa nenhuma embaixo do paletó!


Invenções brasileiras recentes
Se você acha que trem que levita é invenção do futuro, está enganado. Ele já foi inventado – e por brasileiros! O trem é capaz de atingir velocidade de 400 km/h, seu combustível é muito barato e não polui o ar!
Pesquisadores brasileiros também desenvolveram andadores e deslizadores para deficientes físicos feitos de bambu. Um dos aparelhos desliza sobre a areia da praia e permite que o deficiente tome banho de mar! Não é um barato?