Tartarugas de ontem e de hoje

Quem acompanha as notícias sobre pré-história aqui na CHC sabe que a paleontologia – o estudo dos organismos fósseis – já descobriu muitos seres estranhos: se olharmos para os dinossauros, por exemplo, podemos citar um com quatro asas, outro com chifres, um terceiro narigudo… Mas alguns fósseis são mais parecidos com os animais que conhecemos atualmente, e o grande barato de estudá-los é compreender como ocorreu a evolução de algum grupo de seres vivos.

Foi há mais ou menos 214 milhões de anos, ainda na época dos dinossauros, que as tartarugas ganharam uma aparência mais próxima da atual, com o casco completo. (imagem: Claire Houck / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)CC BY-SA 2.0(/a))

Foi há mais ou menos 214 milhões de anos, ainda na época dos dinossauros, que as tartarugas ganharam uma aparência mais próxima da atual, com o casco completo. (imagem: Claire Houck / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)CC BY-SA 2.0(/a))

São os chamados fósseis de transição, uma série de fósseis que mostram como mudanças lentas modificaram a aparência de um ancestral, até evoluir para as espécies que existem atualmente. Por exemplo, conhecemos bem como as aves surgiram, graças a vários fósseis que mostram como um grupo de dinossauros foi adquirindo, aos poucos, características como ossos ocos e penas.

Alguns dos animais cujas origens são bastante misteriosas são as tartarugas. As tartarugas marinhas, cágados e jabutis são animais muito especializados: possuem casco, uma estrutura que não existe em nenhum outro animal vivo. Como o casco surgiu? A descoberta de vários fósseis de transição tem respondido esta pergunta.

Acredita-se que a (i)Eunotosaurus(/i) seja o ancestral das tartarugas atuais. Ela não possuía casco, mas já tinha as costelas largas e curvadas na parte de cima, que podem ter dado origem a essa estrutura. (imagem: Smokeybjb / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)CC BY-SA 3.0(/a))

Acredita-se que a (i)Eunotosaurus(/i) seja o ancestral das tartarugas atuais. Ela não possuía casco, mas já tinha as costelas largas e curvadas na parte de cima, que podem ter dado origem a essa estrutura. (imagem: Smokeybjb / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)CC BY-SA 3.0(/a))

O ancestral das tartarugas parece ser o Eunotosaurus, que viveu há 260 milhões de anos. Ele não tinha casco, mas possuía características parecidas com as tartarugas, como um corpo forte e costelas muito largas, quase tocando uma na outra. Um pouco mais nova, a Pappochelys, de 240 milhões de anos de idade, também tem costelas largas, mas é especial por ter algumas costelas na barriga, chamadas de gastrália, que são muito robustas e formam uma proteção para essa região do corpo.

Mais recente, a (i)Pappochelys(/i) tinha costelas especialmente fortes na barriga, que protegiam esta parte do corpo e parecem ter sido a origem do plastrão, ou parte de baixo do casco. (imagem: Rainer Schoch / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)CC BY-SA 4.0(/a))

Mais recente, a (i)Pappochelys(/i) tinha costelas especialmente fortes na barriga, que protegiam esta parte do corpo e parecem ter sido a origem do plastrão, ou parte de baixo do casco. (imagem: Rainer Schoch / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)CC BY-SA 4.0(/a))

Sua próxima parente, a Odontochelys, viveu há 220 milhões de anos e era uma tartaruga bem diferente das atuais por possuir dentes, mas parecida por ter um plastrão, que é a parte do casco que fica justamente na barriga. Os cientistas acreditam que as costelas fortes da gastrália, presentes na Pappochelys, se uniram e formaram o plastrão das tartarugas.

As (i)Odontochelys(/i) já possuíam plastrão, mas ainda não tinham a carapaça, parte de cima do casco. (imagem: Nobu Tamura / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/3.0)CC BY 3.0(/a))

As (i)Odontochelys(/i) já possuíam plastrão, mas ainda não tinham a carapaça, parte de cima do casco. (imagem: Nobu Tamura / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by/3.0)CC BY 3.0(/a))

Já a carapaça, a parte do casco que fica nas costas das tartarugas, surgiu depois: ela estava presente na Proganochelys, uma tartaruga de 214 milhões de anos. Foi aí que as tartarugas ficaram bem parecidas com as que vemos hoje – e olha que ainda estávamos na época dos dinossauros!

Saiba mais sobre a evolução do casco das tartarugas na CHC 256.