Quem acompanha as notícias sobre pré-história aqui na CHC sabe que a paleontologia – o estudo dos organismos fósseis – já descobriu muitos seres estranhos: se olharmos para os dinossauros, por exemplo, podemos citar um com quatro asas, outro com chifres, um terceiro narigudo… Mas alguns fósseis são mais parecidos com os animais que conhecemos atualmente, e o grande barato de estudá-los é compreender como ocorreu a evolução de algum grupo de seres vivos.
São os chamados fósseis de transição, uma série de fósseis que mostram como mudanças lentas modificaram a aparência de um ancestral, até evoluir para as espécies que existem atualmente. Por exemplo, conhecemos bem como as aves surgiram, graças a vários fósseis que mostram como um grupo de dinossauros foi adquirindo, aos poucos, características como ossos ocos e penas.
Alguns dos animais cujas origens são bastante misteriosas são as tartarugas. As tartarugas marinhas, cágados e jabutis são animais muito especializados: possuem casco, uma estrutura que não existe em nenhum outro animal vivo. Como o casco surgiu? A descoberta de vários fósseis de transição tem respondido esta pergunta.
O ancestral das tartarugas parece ser o Eunotosaurus, que viveu há 260 milhões de anos. Ele não tinha casco, mas possuía características parecidas com as tartarugas, como um corpo forte e costelas muito largas, quase tocando uma na outra. Um pouco mais nova, a Pappochelys, de 240 milhões de anos de idade, também tem costelas largas, mas é especial por ter algumas costelas na barriga, chamadas de gastrália, que são muito robustas e formam uma proteção para essa região do corpo.
Sua próxima parente, a Odontochelys, viveu há 220 milhões de anos e era uma tartaruga bem diferente das atuais por possuir dentes, mas parecida por ter um plastrão, que é a parte do casco que fica justamente na barriga. Os cientistas acreditam que as costelas fortes da gastrália, presentes na Pappochelys, se uniram e formaram o plastrão das tartarugas.
Já a carapaça, a parte do casco que fica nas costas das tartarugas, surgiu depois: ela estava presente na Proganochelys, uma tartaruga de 214 milhões de anos. Foi aí que as tartarugas ficaram bem parecidas com as que vemos hoje – e olha que ainda estávamos na época dos dinossauros!
Saiba mais sobre a evolução do casco das tartarugas na CHC 256.