Preciso levar essa idéia adiante

Atenção! Se você é do tipo de pessoa que vive perguntando o que somos, de onde viemos e como eram as coisas no passado, aqui está mais uma página para completar o misterioso livro da evolução. Você já imaginou como era o mundo há milhões de anos atrás? Pois era bem diferente do que é hoje. Quando olhamos para o globo, vemos cada continente ocupando sua posição de sempre, formando um desenho que já conhecemos muito bem. Mas e se cada continente fosse a peça de um quebra-cabeça? Será que poderíamos montá-lo, formando um único e enorme pedaço de terra?

A resposta é sim. Só que, para vermos esse quebra-cabeça montado, teríamos que voltar no tempo uns 250 milhões de anos… Isso porque, naquela época, os blocos continentais que hoje estão espalhados pelo globo formavam um único e grande continente. Esse mega-continente foi se dividindo e suas partes foram se afastando até chegarem à posição que ocupam atualmente. Espera aí… Isso quer dizer então que os continentes se mexem?!



Se essa idéia lhe causou espanto, imagine só a reação das pessoas quando ela foi proposta em 1912 por um cientista alemão muito sabido chamado Alfred Wegener. A hipótese que levantou, revolucionária para a época, foi ridicularizada pela maioria de seus colegas. Poucos o apoiaram, pois sua proposta ia contra a crença aceita na época, segundo a qual os continentes e oceanos ocupariam posições permanentes no globo. Mas Wegener estava convencido da sua teoria. Só faltava provar…

Alfred Lothar Wegener nasceu em Berlim, na Alemanha, no dia primeiro de novembro de 1880, filho do diretor de um orfanato. Além da teoria da deriva dos continentes, ficou famoso também por seus estudos da termodinâmica da atmosfera — foi o primeiro cientista a descrever o processo de formação das gotas de chuva — e por seu conhecimento do clima polar e de glaciologia. Pudera! Participou de várias expedições à Groenlândia ao longo de sua vida. Morreu na quarta viagem à ilha, em 1930.

Tudo começou em 1910, quando a semelhança entre os contornos dos diferentes continentes despertou a curiosidade de Alfred Wegener. Então, ele escreveu à sua futura esposa: “A costa leste da América do Sul não se encaixa perfeitamente na costa oeste da África, como se um dia tivessem estado juntas? Essa é uma idéia que preciso levar adiante.” E foi o que fez. Pesquisando o assunto, descobriu que outros cientistas já tinham pensado na possibilidade de haver uma conexão entre os continentes no passado. Eles acreditavam, entretanto, que eles estavam ligados entre si por pontes de terra, que teriam afundado, formando os oceanos.

Há cerca de 225 milhões de anos, havia apenas um grande continente chamado Pangéia.

Wegener propôs algo diferente: antigamente, existia um supercontinente, que chamou de Pangéia (do grego “terra total”). Há cerca de 200 milhões de anos, a Pangéia foi se dividindo em vários blocos, que foram se deslocando lentamente, percorrendo milhares de quilômetros até ocuparem a posição atual. Como prova disso, o cientista apontou uma série de semelhanças entre a costa da África e da América do Sul: o relevo das duas regiões se completava, como se tivessem sido formadas juntas e depois se separado e, apesar de haver um oceano entre os dois continentes, foram encontrados fósseis de animais da mesma espécie e época em ambos, bem como plantas parecidas.

Para convencer os cientistas, entretanto, faltava ainda encontrar a chave do problema: descobrir qual era a força que dava o “empurrãozinho” para os continentes se deslocarem.
Leia mais: Introdução | As dificuldades e as aventuras | Reconhecimento tardio

Para saber mais sobre a deriva continental e a tectônica de placas, leia também A dança dos continentes, texto publicado em CHC 116.