Se pudéssemos voltar no tempo e chegar ao Brasil em 1822, ano em foi proclamada a independência, veríamos muitas mulheres trabalhando nas mais diferentes atividades. Não estamos falando de mulheres brancas que pertenciam às classes mais altas e raramente precisavam se sustentar, mas das negras, das descendentes da união de pessoas negras e brancas e das brancas pobres.
Elas eram costureiras, lavadeiras, fiandeiras, tintureiras ou padeiras. Podiam ter suas tendas, onde vendiam café, rolos de fumo, sal e animais silvestres (sim, àquela época era permitido vender animais silvestres!). Havia as que trabalhavam para modistas e cabelereiros franceses e juntavam dinheiro para montar suas próprias lojas. E também as que vendiam produtos em seus tabuleiros pelas ruas. Muitas trabalhavam na roça, ao lado dos maridos e companheiros, plantando e colhendo frutas e legumes. Muitas eram escravizadas, e trabalhavam tanto no serviço doméstico como na lavoura. E eram babás, cozinheiras, quituteiras – que faziam doces para vender.
Mary Del Priore
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.