Será que o depoimento de uma única pessoa a respeito de algo que aconteceu é suficiente para que se possa recontar a história do que realmente se passou? Será que o que a gente vê é suficiente para narrar um evento com precisão, com todos os seus detalhes, trazendo a verdade sobre o fato? Vamos pensar…
Podemos considerar primeiro a distância do ocorrido, a distância física mesmo entre a testemunha e o fato em si. Essa distância (um metro, três metros, 20 metros…) pode trazer uma percepção melhor ou pior. E a luz? Estava claro ou escuro? A luminosidade também influencia a nossa visão. Falando em visão, esse também é um fator a ser considerado: a testemunha enxerga perfeitamente? Se precisa de óculos, estava usando ou não?
Até aqui, temos o espaço (distância), a luminosidade e a precisão da visão como fatores que podem alterar a maneira como se vê uma cena. Mas ainda há outros! O lugar de onde o fato foi observado: a testemunha estava numa posição mais elevada ou mais baixa em relação à cena? Viu tudo pelo lado esquerdo ou pelo direito? De frente ou por trás? E mais: o que a pessoa sentiu diante do que viu?
Como podemos verificar que o relato de uma testemunha da história nem sempre é completamente objetivo?
Monica Lima e Souza
Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA)
Instituto de História
Universidade Federal do Rio de Janeiro