Presos por acidente

Você já ouviu falar em ecolocalização? Esse é o nome dado a um sofisticado sistema que o golfinho usa para não se perder. Basicamente, esses mamíferos emitem um som que percorre o espaço aquático e é refletido por objetos e outros animais que se encontram pelo caminho, permitindo que o golfinho mapeie o ambiente. Esperto, não é mesmo?

Para não se perder por aí, o golfinho usa um sofisticado sistema de ecolocalização. (foto: Daniel Garcia Neto / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

Para não se perder por aí, o golfinho usa um sofisticado sistema de ecolocalização. (foto: Daniel Garcia Neto / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

O problema é que, mesmo sendo capazes de identificar até a presença de conchas bem pequenas, os golfinhos ainda ficam presos em redes de pesca e muitos acabam morrendo. Para entender por que isso acontece, a CHC Online conversou com a bióloga Lilian Sander Hoffmann, do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Estado do Rio Grande do Sul.

Lilian diz que essa pergunta ainda é, de certa maneira, um mistério para os cientistas. Mas existem algumas prováveis explicações. Uma delas sugere que, na verdade, o golfinho não usa seu sistema de ecolocalização a todo instante. “Talvez eles só usem esse mecanismo quando precisam, por exemplo, procurar por comida ou se orientar”, comenta a bióloga. Assim, estariam vulneráveis à captura por redes durante o restante do tempo.

“Há outras possíveis explicações para o fato de muitos golfinhos acabarem se acidentando nas redes de pesca”, adiciona Lilian. “O material usado nas redes, um tipo de fio de náilon, tem características físicas que dificultam seu reconhecimento pelo sistema de ecolocalização.” Além disso, os golfinhos podem ser atraídos pelos próprios peixes que ficam presos nestas redes.

Alguns golfinhos podem acabar presos na rede atraídos pelos peixes capturados por ela. (foto: Mike Carney / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

Alguns golfinhos podem acabar presos na rede atraídos pelos peixes capturados por ela. (foto: Mike Carney / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

Tecnologia a favor dos golfinhos

Ainda que o problema seja preocupante, Lilian explica que já existem tecnologias para ajudar os golfinhos a escapar dessa enrascada. Alarmes acústicos, por exemplo, instalados próximos às redes de pesca, podem emitir sons desagradáveis para os golfinhos. Com isso, eles não se aproximam dos locais onde poderiam ser acidentalmente capturados.

Já se tentou, também, confeccionar redes de pesca com materiais diferentes, mais fáceis de serem detectados pelos animais. “Mas até o momento, infelizmente, nenhuma estratégia parece resolver o problema definitivamente”, preocupa-se a pesquisadora.

Estima-se que, no mundo, mais de 300 mil cetáceos – ordem a que pertencem os golfinhos – são capturados acidentalmente em redes de pesca todos os anos. Vamos torcer para que esse cenário mude logo!