Paralimpíadas, você conhece?

Depois de acompanhar de perto os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, você está com aquele gostinho de quero mais? Pois saiba que, de 7 a 18 de setembro, a cidade será sede dos jogos paralímpicos, voltados aos atletas que participam de competições adaptadas às suas necessidades especiais.

Atleta paralímpico: concentração, preparo físico e equipamento adaptado às suas necessidades especiais. (foto: Stuart Grout/Wikimedia Commons)

Atleta paralímpico: concentração, preparo físico e equipamento adaptado às suas necessidades especiais. (foto: Stuart Grout/Wikimedia Commons)

A equipe paralímpica brasileira tem um histórico de conquistas impressionante, não apenas pelo desempenho e talento de nossos paratletas, mas por conta dos investimentos em tecnologia nos seus mais diversos aspectos. Vale lembrar que em 20 anos de competições internacionais – os jogos paralímpicos começaram em Barcelona, em 1996 –, os paratletas do Brasil evoluíram muito. Esse desempenho se deve à combinação entre ciência e tecnologia.

A ciência nasce nas universidades e nos laboratórios de pesquisa científica. Já a tecnologia é a aplicação do conhecimento científico para criar algo.

 

Sem limites para competir

A superação de limites do paradesporto é resultado da evolução em várias frentes: na formação de profissionais da educação física; nos métodos de preparação e de condicionamento físico; e nos estudos da biomecânica, isto é, nas pesquisas aplicadas à avaliação dos movimentos e aos limites corporais dos atletas para desenvolver a performance e o alto desempenho. Tudo isso junto contribui para aprimorar e inovar na fabricação de equipamentos esportivos de alta qualidade.

Cadeiras de rodas leves e flexíveis permitem aos atletas paralímpicos do basquete manobras impressionantes. (foto: CPB)

Cadeiras de rodas leves e flexíveis permitem aos atletas paralímpicos do basquete manobras impressionantes. (foto: CPB)

O esporte adaptado, ou seja, feito com alguns acessórios que possibilitassem a participação de pessoas com alguma deficiência, surgiu na década de 1940, para reabilitar soldados que serviram na Segunda Guerra Mundial. Esses soldados se tornaram atletas e participaram dos primeiros jogos como arqueiros em cadeiras de rodas. Hoje, a tecnologia disponível possibilita que as mais diversas deficiências possam ser minimizadas.

Mas não é somente como atleta que se vence nesse jogo. A pessoa como um todo sai ganhando na retomada de uma vida com qualidade, com autonomia e melhoria da autoestima.

 

Tecnologia e ciência no esporte

As inovações tecnológicas dos produtos especialmente desenvolvidos para os paratletas têm possibilitado que cadeiras de rodas, órteses (equipamentos que corrigem um defeito físico, como um colete para a coluna) e próteses (que são aparelhos que substituem uma parte do corpo, como uma perna mecânica) adquiram melhor qualidade.

Graças à tecnologia, não é raro que atletas com próteses de membro inferior consigam desempenho equivalente ao de atletas sem deficiência física. (foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB)

Graças à tecnologia, não é raro que atletas com próteses de membro inferior consigam desempenho equivalente ao de atletas sem deficiência física. (foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB)

Já as pesquisas científicas ajudam a desenvolver novos equipamentos, aprimoram outros e também dão suporte à organização de uma equipe paralímpica. Sabia que muitos médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutrólogos, profissionais do marketing, engenheiros e outros profissionais escolhem orientar suas carreiras para dar suporte à educação física na preparação desses atletas?

 

Para impressionar

Quando falamos da importância da tecnologia nos esportes paralímpicos queremos dizer que os equipamentos e instrumentos devem desempenhar um papel de alta performance, resistindo aos esforços exigidos em uma competição do porte das paralimpíadas.

Próteses com alta qualidade e baixo custo são desenvolvidas no Brasil tanto para atletas quanto para qualquer outra pessoa com necessidade especial. (foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB)

Próteses com alta qualidade e baixo custo são desenvolvidas no Brasil tanto para atletas quanto para qualquer outra pessoa com necessidade especial. (foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB)

E não é que conseguimos isso?! Não é raro vermos atletas com próteses de membro inferior com desempenho atlético equivalente aos atletas sem deficiência física! Temos próteses de joelho e de pernas, por exemplo, com sensores que obtêm informações sobre a força de contato com o solo, que são capazes de ajustar a velocidade das passadas e o movimento do joelho conforme o terreno em que se encontra o atleta. Isso só para citar um exemplo.

 

E tem mais!

São muitas as modalidades olímpicas, todas com características próprias que permitem a criação de muita tecnologia a favor dos esportes. Vamos citar mais um exemplo: os amortecedores hidráulicos desenvolvidos para executar salto em distância e salto em altura no atletismo. Imagine que a lâmina que forma o pé da prótese de perna foi desenhada graças à união entre pesquisa científica e empresas especializadas em engenharia dos materiais, que a projetou com dezenas de lâminas de fibra de carbono – um material leve e flexível que faz toda a diferença em competições.

É bom lembrar que os resultados alcançados pela tecnologia no mundo das competições esportivas podem vir a contribuir para a reabilitação física e motora das pessoas com deficiência que não são atletas. Esse pode ser considerado um jogo em que todos saem ganhando.

 

Brasileiros biônicos

Há, no Brasil, vários exemplos de iniciativas para o desenvolvimento de dispositivos e equipamentos para avaliação e treinamento esportivo de pessoas com deficiência, como o recém-criado Laboratório de Inovação e Empreendedorismo em Tecnologia Assistiva, Esporte e Saúde (LIETEC), da Universidade Federal de São Carlos, e o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas/ SP.

O trabalho desses laboratórios é importante porque contribui não só com os paratletas, mas para que as demais pessoas com deficiência possam usufruir desses dispositivos nas atividades diárias. E são muitas as inovações! Cadeiras de rodas mais leves e de fácil manuseio, além de próteses e órteses com alta qualidade e baixo custo.