Você não cai mais no papo da cegonha. Sabe que, para um filhotinho nascer, é preciso que macho e fêmea acasalem, certo? Para isso acontecer, os animais precisam se olhar, se cheirar, se ouvir… Enfim, reconhecerem que são da mesma espécie. Para alguns bichos isso é relativamente simples, para outros, o namoro pode ser raro e até bastante complicado – é o caso do panda-gigante.
Os mamíferos desta espécie reconhecem seus companheiros principalmente por meio de cheiros e sons. Na natureza, a tática funciona relativamente bem, mas a frequência do namoro é baixa, se comparada a de outros animais. Quando os pandas estão no zoológico, o acasalamento fica ainda mais comprometido.
“Estima-se que, na floresta, os pandas cruzem pelo menos dez vezes na vida. Já em cativeiro, de 100 machos, apenas 40 cruzariam e, de 100 fêmeas, apenas dez têm o interesse em cruzar – destas, somente três têm filhotes”, lamenta a bióloga Neuza Rejane Wille Lima, da Universidade Federal Fluminense. A baixa frequência da reprodução dos pandas-gigantes gera uma preocupação ainda maior porque a espécie está em risco de extinção.
Para evitar que esses animais sumam, muitos cientistas e jardins zoológicos no mundo inteiro tentam ajudar na reprodução dos pandas, mas a tarefa é difícil. O que falta no cativeiro é o contato direto entre os animais, para que possam reconhecer os sons e odores uns dos outros. “Quando ficam separados em jaulas e não têm esse reconhecimento, os pandas acreditam que se trata de outra espécie e nem dão bola um para o outro”, explica Rejane.
Se o cruzamento já é difícil, o nascimento de um filhote é mais ainda. “É preciso que o casal cruze durante o período fértil da fêmea, que dura apenas três dias em um ano inteiro”, conta a bióloga. Além disso, depois que o filhote nasce, a fêmea não pode ficar grávida durante um ano e meio porque estará muito ocupada cuidado dele.
Os especialistas observaram que colocar macho e fêmea em uma mesma gaiola ajuda a resolver o problema, mas a melhor solução é cuidar dos animais em cativeiro e, depois, soltá-los na natureza para que se reproduzam.
A estratégia é colocada em prática em alguns centros para recuperação da espécie, como a reserva ambiental de Chengdu, na China. Em setembro, 14 filhotinhos de panda-gigante nasceram por lá. Vamos torcer para que venham muitos outros!