Na casa do imperador

Quando estiver passeando pela cidade do Rio de Janeiro e resolver pegar o metrô, preste atenção: você pode estar passando por um lugar que tem muita história para contar. A região da Leopoldina, que atualmente abriga obras do transporte subterrâneo, guarda verdadeiros tesouros arqueológicos!

Desde março, uma equipe do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro trabalha no local, à procura de pistas sobre o passado da cidade. O arqueólogo Cláudio Prado de Mello contou à CHC Online que eles já encontraram, por exemplo, uma escova de dentes que pode ter pertencido a algum membro da família real.

Com cabo de marfim e espaço para cerdas feitas de pelo de porco, a escova de dentes encontrada pelos arqueólogos carrega os dizeres “Vossa Majestade, O Imperador do Brasil”, em francês (Fábio Giannini)

Com cabo de marfim e espaço para cerdas feitas de pelo de porco, a escova de dentes encontrada pelos arqueólogos carrega os dizeres “Vossa Majestade, O Imperador do Brasil”, em francês (Fábio Giannini)

Ela é bem parecida com as escovas que usamos hoje em dia, mas seu cabo, em vez de ser de plástico, é de marfim, com a inscrição “Imperador do Brasil”, em francês. Há também espaços para inserir cerdas de… pelo de porco! Outro achado foi uma pasta de dentes sabor cereja e hortelã-pimenta. Já pensou como deveria ser o sabor?

Segundo Cláudio, boa parte do material encontrado é do século 19. Em sua maioria, são objetos de uso cotidiano, ligados à monarquia. Além da escova de dentes do imperador, outras descobertas – como garrafas de vidro, joias e cachimbos decorados – ajudam a descobrir um pouco do dia a dia daquela época.

[jj-ngg-jquery-slider gallery=”42″ html_id=”about-slider” width=”600″ height=”450″
center=”1″ effect=”fade” pausetime=”7000″ order=”sortorder” animspeed=”400″]

A região onde está o sítio arqueológico era uma área de descarte usada pela família real. “Naquela época, a cidade não tinha um sistema de coleta de lixo e as famílias enterravam tudo em terrenos baldios ou pagavam alguém para enterrar”, explica o arqueólogo.

Ele está impressionado porque tudo o que foi encontrado até agora está muito bem conservado. Os cientistas fizeram um estudo para proteger as áreas escavadas e, agora, as obras do metrô vão continuar, sem danificar o sítio arqueológico. “Depois das obras, em 2016, vamos retomar a escavação de onde paramos”, promete Cláudio. Estou doida para saber o que mais eles vão encontrar!