O leitor mais atento já deve ter reparado que alguns ambientes naturais são repletos de musgos – aquelas plantinhas esverdeadas que parecem formar um tapete no chão das florestas, nos troncos das árvores ou mesmo nas rochas. Lembrou? Pois saiba que alguns cientistas estão debruçados sobre os musgos e descobriram coisas interessantíssimas sobre eles. Uma delas? Que essas plantas danadas podem viver mais de mil anos em estado de hibernação!
Até pouco tempo atrás, os pesquisadores pensavam que musgos poderiam viver por no máximo duas décadas. Recentemente, um experimento mostrou que o musgo da espécie Chorisodontium aciphyllum pode ressurgir após muito tempo congelado. O estudo foi desenvolvido na ilha de Signy, perto da Antártica, pelo ecologista Peter Convey, do Serviço Antártico Britânico.
Naquele frio danado, a camada superficial do o solo é coberta por musgos bem verdes. No entanto, os musgos que ficam em camadas ligeiramente mais profundas, alguns palmos abaixo do chão, têm uma coloração mais escura: são musgos congelados.
Peter ficou com uma pulga atrás da orelha: será que os musgos congelados – e aparentemente mortos – poderiam voltar à vida se fossem expostos novamente a boas condições de luminosidade? A resposta foi surpreendente: sim.
O pesquisador levou algumas amostras de musgo congelado para o laboratório e deixou-as sob condições especiais que simulavam um ambiente de luz natural. Parece incrível, mas, após poucas semanas, os musgos voltaram a crescer.
Apesar de congelados, os musgos não estavam mortos, mas apenas em estado de hibernação, aguardando as boas condições do ambiente para se desenvolverem novamente. E o mais curioso é que, estudando a planta em detalhes, Peter descobriu que ela tinha nada menos que 1.500 anos de idade!
“As pessoas sempre se interessaram por saber coisas como quanto tempo um organismo pode viver”, conta o ecologista. “Tudo que sabíamos era que alguns seres podiam hibernar por 10 ou mesmo 20 anos, o que já é bem impressionante”.
A bióloga Andrea Ponzo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, também ficou entusiasmada. “Há espécies de musgos capazes de sobreviver em condições extremas, mas até hoje não se tinha relatos de uma espécie capaz de tolerar o congelamento por tanto tempo”, disse ela à CHC.