Lágrimas de alegria

Você já se sentiu tão feliz a ponto de cair no choro? Para alguns, pode parecer esquisito derrubar lágrimas em momentos bons – afinal, o chorar está associado à tristeza. Mas, segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, as lágrimas de alegria servem para regular as emoções humanas.

As lágrimas de alegria servem para recuperar o equilíbrio quando as pessoas estão sobrecarregadas com emoções positivas. (foto: Robert S. Donovan / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/) CC BY-NC 2.0(/a))

As lágrimas de alegria servem para recuperar o equilíbrio quando as pessoas estão sobrecarregadas com emoções positivas. (foto: Robert S. Donovan / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/) CC BY-NC 2.0(/a))

Para entender melhor como isso acontece, os cientistas entrevistaram 143 pessoas e descobriram que a maioria delas costuma chorar em momentos felizes, como durante um casamento ou no nascimento de um filho. “Essas pessoas estão sentindo muita felicidade, mas reagem de modo negativo e isso parece ajudar a regular a emoção, diminuindo a sobrecarga de sentimentos”, explica a psicóloga e uma das autoras do estudo, Oriana Aragon.

A pesquisadora destaca que o contrário também pode acontecer. Em situações tristes, as pessoas sentem emoções negativas, mas algumas podem sorrir e aparentar felicidade. “Outros pesquisadores mostraram que pessoas que sentem vontade de sorrir enquanto assistem a um filme triste rapidamente voltam a um estado emocional confortável após o fim do vídeo”, acrescenta a pesquisadora.

Tão fofinho que dá vontade de apertar

Outro teste feito pela equipe também serviu para comprovar que essas reações contraditórias ajudam a controlar os sentimentos. Agora, 229 participantes foram expostos a imagens de bebês fofinhos e a maioria deles disse sentir vontade de cuidar dessas crianças. Os voluntários, porém, também sentiram vontade de apertar as bochechas dos bebês ou mordê-los, sentimentos considerados agressivos demais para quem quer cuidar deles. Esquisito, não?

Querer apertar as bochechas de um bebê fofinho é uma forma de controlar a sobrecarga de vontade de protegê-lo, retornando ao equilíbrio emocional. (foto: Maria Major / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/) CC BY-NC 2.0 (/a))

Querer apertar as bochechas de um bebê fofinho é uma forma de controlar a sobrecarga de vontade de protegê-lo, retornando ao equilíbrio emocional. (foto: Maria Major / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/) CC BY-NC 2.0 (/a))

Acontece que isso também serve para regular a sobrecarga de emoção das pessoas. Logo depois do teste, os participantes que sentiram vontade de morder ou apertar os bebês das fotos voltaram ao equilíbrio emocional mais rapidamente do que aqueles que não se sentiram dessa forma. “As pessoas amam bebês e querem muito protegê-los. Querer beliscar e morder o bebê não significa ter vontade de ser agressivo, mas uma tentativa de regular a emoção que a pessoa está sentindo”, completa Oriana.

Mas por que será que precisamos controlar emoções como felicidade ou a vontade de cuidar de um bebê? De acordo com Oriana, ficar feliz em excesso por um tempo muito longo pode atrapalhar a nossa rotina:

“Ficar animado por um momento, tudo bem, mas precisamos nos controlar para fazer o que queremos fazer”, diz a psicóloga. “Imagine que você está pulando e gritando de felicidade. Você não irá conseguir comer um biscoito até se acalmar o suficiente para fazer isso.” Faz sentido, não é mesmo?