Desconhecidas e inexploradas

Você sabia que a Amazônia tem montanhas? Provavelmente, não. Poucas pessoas sabem disso, e imaginam que a região é uma enorme planície, cheia de rios extensos e florestas densas. Mas a Amazônia tem montanhas, sim – e uma equipe de biólogos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro decidiu explorá-las.

A Amazônia é lar de belas espécies vegetais, muitas ainda desconhecidas pela ciência. (foto: Ricardo Azoury)

A Amazônia é lar de belas espécies vegetais, muitas ainda desconhecidas pela ciência. (foto: Ricardo Azoury)

Os pesquisadores visitaram o extremo norte da Amazônia brasileira com o objetivo de saber mais sobre sua diversidade de plantas, muito pouco conhecidas. A equipe, formada por Marcus Nadruz, Denise da Costa, Gustavo Martinelli, Miguel Avila e Rafaela Forzza, além do fotógrafo Ricardo Azoury, visitou, entre 2011 e 2014, cinco localidades diferentes.

Os locais selecionados foram a Serra do Aracá, o Pico da Neblina e a Serra da Mocidade, no Amazonas, e os montes Caburaí e da Serra Grande, em Roraima. Todas são áreas de difícil acesso, por serem distantes, inóspitas e necessitarem de helicópteros e uma série de autorizações para serem exploradas.

Em alguns lugares, só era possível chegar de helicóptero! (foto: Ricardo Azoury)

Em alguns lugares, só era possível chegar de helicóptero! (foto: Ricardo Azoury)

“Além de ter que percorrer estradas de terra, subir rios e ter apoio aéreo, também precisamos de autorizações do Ministério da Defesa, nas áreas perto de fronteiras, do Ibama e da Fundação Nacional do Índio, em terras dentro de reservas indígenas”, conta Gustavo.

Marcus, que coordenou as expedições, foi o encarregado das negociações com os indígenas. “Foi difícil, porque eles não têm e-mail nem celular, e só aceitam discutir pessoalmente. Estavam preocupadíssimos em relação ao fim dado às plantas coletadas, com medo de as usarmos comercialmente”, conta.

Pesquisadores durante a coleta de amostras. (foto: Ricardo Azoury)

Pesquisadores durante a coleta de amostras. (foto: Ricardo Azoury)

Mas deu certo! A equipe pôde caminhar pela região observando e coletando amostras de plantas para estudo. Os pesquisadores coletaram 4000 amostras, entre elas 57 espécies conhecidas, mas nunca antes vistas no Brasil. Até agora, seis novas espécies foram descobertas, sendo três da família das bromélias, uma Xyridaceae, que ocorre em solo úmido, uma melastomatácea (da família da quaresmeira) e um musgo.

“Começar a preencher essa lacuna de conhecimento científico foi a realização de um sonho, mas, infelizmente, fica a sensação de que tivemos pouco tempo”, lamenta Denise. Pelo visto, serão necessárias novas viagens!

Marcus e sua equipe contaram mais sobre sua viagem às montanhas da Amazônia na CHC 278. Corre pra ler!