Um pulo para a ciência

Bungee-jump

No bungee-jump, a pessoa vai caindo, caindo, e, à medida que a corda vai esticando, vai freando a queda – boooooiiiing –, até a pessoa chegar lá embaixo, quando então a corda a puxa de volta para cima. A pessoa fica indo e vindo, cada vez menos, até parar, depois de algum tempo (Foto: Wikimedia Commons)

Tenho um irmão que adora viajar e está sempre metido em alguma aventura. Ele já mergulhou com um tubarão-branco na Austrália, passeou no cangote de elefantes na África do Sul e escalou um vulcão no Equador. Porém, diz que uma das coisas mais malucas que já fez foi saltar de uma ponte de uns 40 metros de altura (mais ou menos a altura de um prédio de 13 andares) na Nova Zelândia.

Não, não se preocupe, ele não se espatifou no chão! Meu irmão pulou do alto da ponte com toda a segurança do mundo, com a ajuda de uma equipe profissional. Trata-se de uma atividade conhecida como bungee-jump (pronuncia-se “bândji-djâmp”): pular de um ponto bem alto, em geral de uma ponte, com os pés amarrados a uma corda forte e bastante elástica, que deixa a pessoa balançando, mas impede que ela caia.

Para preparar o bungee-jump com segurança, no entanto, deve-se ter atenção aos detalhes. Para começar, é claro, é preciso saber o comprimento da corda e a distância exata entre a ponte e o rio lá embaixo. Além disso, é importante saber duas outras coisas que vão dizer o quanto a corda vai esticar.

A primeira delas é o peso de quem vai pular: quanto mais pesada a pessoa, mais força vai ser feita na corda e, por isso, mais ela vai esticar. A outra coisa é uma característica fundamental da corda chamada de elasticidade – algumas cordas são mais elásticas, isto é, têm mais elasticidade, outras menos.

Duas molas

Pegue uma mola (ou um elástico) em suas mãos e faça força para esticá-la. Você percebe que, quanto maior a força que você faz, mais a mola estica? Uma mola diferente talvez seja mais fácil de esticar – você precisará fazer menos força para esticá-la tanto quanto a primeira mola. Assim, podemos concluir que a segunda mola é mais elástica do que a primeira (Foto: Wikimedia Commons)

 

balança de mola

Para pesar um objeto numa balança de mola, o primeiro passo é pendurá-lo num gancho que está preso a uma mola cuja constante elástica conhecemos. O peso é dado pelo quanto a mola estica (Foto: Wikimedia Commons)

Essa característica das cordas, elásticos e molas faz com que a gente possa usá-los para medir forças. A gente primeiro faz uma força conhecida numa mola, por exemplo, prendendo nela algumas coisas cujos pesos a gente já saiba (e se não souber, é só medir com uma balança, né?). Depois, basta medir o quanto a mola esticou para cada peso. Com isso, é possível determinar um número que vai dizer pra gente o quanto aquela mola esticará para cada quilograma que a gente pendurar nela.

Esse número é o que os físicos chamam de constante elástica da mola e vai ser diferente para cada mola. Uma vez conhecida a constante elástica de uma mola específica, pode-se então fazer o caminho inverso e medir o quanto a mola estica para descobrir o peso daquilo que se pendurou nela. É esse o princípio da balança de mola.

Foi graças à descoberta desse tipo de relação entre a força feita sobre uma mola e o quanto ela estica que as forças puderam ser medidas em números e uma área importantíssima da física que estuda as causas dos movimentos (a dinâmica) pôde se desenvolver a partir do século 17.

Hoje, esse conhecimento é tão preciso que, antes de travar a posição da corda, o rapaz do bungee-jump perguntou para o meu irmão se ele queria molhar a cabeça no rio lá embaixo ou não. É claro que meu irmão disse que sim, e o rapaz então deu mais alguns centímetros de corda antes de meu irmão se atirar lá de cima, gritando: “Gerônimooooooo!!!!”