Um alô para nossa vizinha

Céu do hemisfério sul

Na foto, podemos observar algumas das constelações visíveis no céu do hemisfério sul, como Órion e as Plêiades (Foto: ESO/Y. Beletsky)

Quem aí gosta de olhar para o céu e observar as estrelas? Pode ser difícil com a poluição luminosa das grandes cidades, mas ainda é possível ver algumas das estrelas mais brilhantes do céu.

De qualquer lugar do hemisfério sul, vemos as quatro estrelas do Cruzeiro do Sul, que, com a fraca “intrometida”, são cinco. Bem ao lado, duas estrelas bem brilhantes marcam os pés do Centauro. A mais brilhante delas, Rigel Kentaurus (que quer dizer justamente “o pé do centauro”, em árabe), também é chamada de Alfa Centauri, seguindo a tradição astronômica de chamar a estrela mais brilhante de uma constelação de “alfa” (a primeira letra do alfabeto grego). A propósito, ao lado dela, a outra estrela brilhante é Beta Centauri, a segunda estrela mais brilhante da constelação do Centauro (“beta”, por sua vez, é a segunda letra do alfabeto grego).

Cruzeiro do Sul

O Cruzeiro do Sul, na parte esquerda da foto, é uma das constelações mais famosas do hemisfério sul e está representada na bandeira de vários países, incluindo o Brasil (Foto: ESO/Yuri Beletsky)

Rigel Kentaurus é a terceira estrela mais brilhante do céu, apesar de não ser uma estrela especialmente grande. É que ela está bem perto da gente e, da mesma maneira como vemos a lâmpada da nossa varanda mais brilhante que uma lâmpada igual na varanda de uma casa muito distante, também vemos Rigel Kentaurus mais brilhante que outras estrelas mais distantes.

Essa é a estrela mais próxima de nós depois do Sol. Ainda assim, estimamos que ela está há cerca de 4,4 anos-luz de distância da gente, ou seja, a luz que sai de Rigel Kentaurus leva 4,4 anos para chegar aos nossos olhos. Isso é realmente muito longe, porque, no espaço sideral, a luz anda a uma velocidade muito, muito grande: aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo.

Vamos fazer as contas. Um ano tem pouco mais de 365 dias, e cada dia tem 24 horas. Cada hora tem 60 minutos e cada minuto, 60 segundos. Portanto, 4,4 anos-luz equivalem mais ou menos a 4,4 x 365 x 24 × 60 × 60 × 300.000 = 41.627.520.000.000 quilômetros.

Isso mesmo: a estrela fica a pouco menos de 42 trilhões de quilômetros. E é a nossa vizinha mais próxima! Não é que a gente more num canto remoto do universo; é que as distâncias entre as estrelas são realmente muito grandes…

Representação artística de Alfa Centauri Bb

Sabe-se que Alfa Centauri B possui pelo menos um planeta orbitando a seu redor, e que ele é de um tamanho parecido com a Terra. Ele recebeu o nome de Alfa Centauri Bb e é o planeta mais próximo de nós fora do Sistema Solar. Dá pra imaginar como deve ser bonito ver o pôr-do-Sol em Alfa Centauri Bb, com dois sóis por perto! (Ilustração: ESO/L. Calçada/Nick Risinger/skysurvey.org)

Ao observar Rigel Kentaurus com um telescópio comum, podemos ver que o que, a olho nu, aparenta ser um único pontinho luminoso consiste, na verdade, em duas estrelas muito perto uma da outra, que foram apelidadas de Alfa Centauri A e Alfa Centauri B.

Alfa, Beta e Proxima Centauri

Na imagem, as estrelas mais brilhantes são Alfa Centauri (à esquerda) e Beta Centauri (à direita). Proxima Centauri, a menorzinha, está marcada em vermelho (Foto: Wikimedia Commons)

Olhando Rigel Kentaurus com telescópios mais poderosos, os astrônomos descobriram que há ainda uma terceira estrela, muito menor e muito pouco brilhante, do tipo das “anãs-vermelhas”. Suspeita-se que ela faça parte do sistema e que as três estrelas estejam ligadas pela gravidade umas às outras. Atualmente, é esta estrelinha menor, chamada Proxima Centauri, que está mais virada para o nosso lado e, portanto, que está mais perto de nós.