Tic tac, passa tempo, tic tac, passa hora…

Quando a gente se dá conta, já é noite. O fim de semana acabou. Já fiz dez anos. Já é dezembro. E parece que é de repente mesmo que um novo ano começa. De repente, não mais que de repente. Você também não tem, às vezes, uma sensação de que o tempo passa rápido? Tempo, tempo, tempo, tempo.

Relógio de ponteiros

Há quem diga que o tempo passa cada vez mais depressa! E você, o que acha? (Foto: Junior Silva / Flickr)

Todo mundo um dia já se fez esta pergunta. Por que não podemos voltar no tempo? Por que não podemos ficar no chão e subir nos ares, estar ao mesmo tempo em dois lugares? Como nesta coluna não tem físico nem poeta, é preciso responder de outra maneira.

Pensar sobre o tempo faz parte da experiência humana. Apesar de cada homem ser diferente, de sentirmos cada instante de maneira diferente, nisto somos todos iguais: os humanos percebem a passagem do tempo, contam o tempo, organizam o tempo. Criam comemorações, inventam calendários, organizam álbuns de fotos.

Mas a verdade é que cada cultura lida com o tempo de uma maneira diferente. Os chineses, por exemplo, dividem o tempo em calendários de doze anos, em que cada ano corresponde a um animal. Os judeus começam a contar o tempo com o que supõem ser a criação do mundo, e já estão em 5772, enquanto por aqui mal adentramos 2012.

Para os índios do Xingu, que marcam o tempo com os movimentos do Sol e da Lua, os acontecimentos estão sempre relacionados com algo que já aconteceu no passado. O nosso calendário, chamado gregoriano, também acompanha o movimento dos astros, mas de outra forma – um dia corresponde a uma volta da Terra em torno de si própria; um ano é uma volta da Terra em torno do Sol.

Então pergunto: por que, em várias culturas, nos importamos tanto em marcar a passagem do tempo e atribuir a cada ano um número diferente? Para nós, a possibilidade do recomeço é tão importante quanto saber que o tempo não pára. Talvez porque seja melhor começar um ano novinho em folha do que remendar o velho às carreiras. É a oportunidade que temos de refazer nossas listas de boas intenções — nem que seja para arquivá-las na gaveta. E de renovar nossas perguntas, sabendo que nem sempre elas trazem novas respostas.

A você, que vive perguntando, a coluna deseja um ano novo sem comparação com todo o tempo já vivido.

De dentro da máquina do tempo
A coluna deste mês homenageia “O Tempo”, de Mario Quintana; “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles; “Soneto da Separação”, de Vinicius de Moraes; “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso; “Os últimos dias” e “Receita de Ano Novo”, de Carlos Drummond de Andrade. Tem um tempinho? Leia os poemas e descubra onde estão as referências aos trechos de cada autor!