A jararacuçu vive na Mata Atlântica do sudeste e sul do Brasil. É a maior entre as jararacas do país, podendo chegar a quase dois metros de comprimento (foto: Henrique Caldeira Costa).
Os cientistas conhecem hoje quase 50 espécies diferentes de jararacas, que vivem em regiões do México até a América do Sul, incluindo o Brasil. Em nosso país, já foram registradas 26 espécies, cada uma adaptada a diferentes ambientes e regiões.
Fendas na face
Outra característica das jararacas é a presença de um buraquinho entre a narina e o olho, chamado “fosseta loreal”, que tem tudo a ver com o nome do gênero dessas cobras: Bothrops. Este nome é formado pela união de duas palavras gregas e significa “fendas na face”. Graças às fossetas loreais, as jararacas percebem variações muito pequenas na temperatura ambiente e mesmo no escuro total conseguem diferenciar um ratinho (que tem corpo quente) de uma pedra!
As jararacas têm uma fosseta loreal de cada lado da cabeça, entre a narina e o olho. Quem vive na fazenda muitas vezes chama essas serpentes de “cobras de quatro ventas”, porque pensa que as fossetas loreais são mais duas narinas (foto: Henrique Caldeira Costa).
A maior espécie de jararaca do nosso país se chama jararacuçu, que, na língua tupi, quer dizer justamente “jararaca grande”! E veja só que interessante: o nome científico da jararacuçu é Bothrops jararacussu. Percebeu a diferença na escrita? O motivo disso é que, como os nomes científicos não contêm acentos ou cedilha, jararacuçu acabou virando jararacussu.
A jararaca-comum habita a Mata Atlântica da Bahia ao Rio Grande do Sul. Em algumas regiões é a espécie de jararaca vista com mais frequência (foto: Henrique Caldeira Costa).
E você sabia que existe uma jararaca, também conhecida como jararaca-comum, que traz no seu nome científico o que foi dado pelos indígenas? Pois esta é a Bothrops jararaca! Este nome eu nem preciso explicar o significado, porque você já sabe, não é?
Espero que tenha gostado de aprender por que a jararaca-comum e a jararacuçu são chamadas assim. E pode ter certeza que, em breve, as serpentes vão marcar presença novamente aqui na coluna O nome dos bichos!
Serpente ou cobra?
As palavras “serpente” e “cobra” têm origem na língua do antigo Império Romano: o latim.
Em latim, “serpente” é serpens, palavra que surgiu a partir de serpere, que quer dizer “deslizar” ou “rastejar”. Já “cobra” vem de coluber, mas nem os estudiosos têm certeza da origem desta palavra e por que ela começou a ser usada para se referir a esses animais!
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!