O dia está quente. Você acorda bem cedinho, toma banho, veste o uniforme, calça, meias e tênis. Após um dia cheio, você volta da escola. Logo que chega em casa, tira o sapato. Sua irmãzinha imediatamente sente o cheiro e grita: mas que chulé!
Fique sabendo que, apesar de ser motivo de gozação, o chulé (que os médicos chamam de bromidrose plantar) é levado bastante a sério pelos químicos, que estudam o assunto para arranjar meios de prevenir este mau cheiro.
O chulé geralmente aparece em dias quentes, quando os pés estão calçados com meias e sapatos ou tênis fechados. Nestas condições, as cerca de 250 mil glândulas sudoríparas presentes em cada pé começam a produzir suor, para tentar diminuir a temperatura. Constituído basicamente por água, o suor também contém pequenas quantidades de sal, ureia, proteínas, aminoácidos, gorduras, ácido lático, glicerol e hormônios. Misturado com restos de células mortas que se destacam da pele, o suor forma uma “sopa” quentinha e nutritiva, que serve de alimento para as bactérias.
A flora natural que habita a pele inclui bactérias dos gêneros Corynebacterium, Stapphylococcus e Propionibacterium. Essas bactérias fermentam os nutrientes encontrados no suor e excretam principalmente compostos voláteis conhecidos como ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido acético, ácido butírico, ácido isobutírico e ácido isovalérico, sendo este último o principal responsável pelo cheiro do chulé. Porém, um chulé realmente forte, daqueles que ninguém aguenta, é produzido quando há um aumento de bactérias do gênero Bacillus, que são capazes de produzir grandes quantidades de ácido isovalérico, tornando o cheiro insuportável. Curiosamente, os mesmos ácidos butírico e isovalérico contribuem para o aroma de queijos como o suíço, cheddar, parmesão, camembert e emmental.
Agora, se você tem chulé, não se desespere. Com alguns cuidados simples você pode prevenir o problema. Lave sempre muito bem os pés e seque-os com cuidado; use meias limpas e troque-as todos os dias; não use sempre o mesmo sapato (deixe que eles sequem por pelo menos 24 horas antes de usá-los novamente); calce calçados bem ventilados em vez daqueles apertados, como botas; evite meias de tecidos sintéticos, que não absorvem o suor e dificultam a evaporação; e prefira as meias de algodão, que absorvem a umidade.
Caso esses cuidados não acabem com o chulé, procure um médico. Existem diversos produtos com ingredientes ativos que inibem o crescimento das bactérias que causam o mau cheiro.