Nos grandes banquetes oficiais promovidos na Grécia Antiga, era uma prática comum que alguns cidadãos pudessem participar de graça da comilança, sentando-se ao lado dos líderes e sacerdotes. Essas pessoas eram chamadas de parasitos, termo que, em grego antigo, significa “aquele que come ao lado de outro”. Com o passar do tempo, em outras culturas o termo parasito passou a ganhar um sentido pejorativo, indicando pessoas que viviam à custa dos outros, ou que davam um jeitinho de conseguir uma refeição de graça.
Na linguagem científica, a partir do século 18, a palavra parasito passou a ser usada para indicar organismos que sobrevivem graças à exploração de outros seres vivos – os hospedeiros. Os parasitos vivem sobre o corpo de seu hospedeiro ou mesmo dentro dele e, aos poucos, vão lhe roubando nutrientes ou até devorando pedacinhos!
Para o hospedeiro, os parasitos só trazem prejuízos, e melhor seria acabar com eles. Mas, para os parasitos, o ideal é deixar o hospedeiro vivo e continuar tendo casa e comida de graça para sempre…
Parasitos não faltam no mundo animal. Muitos, inclusive, têm o ser humano como hospedeiro, como é o caso de alguns carrapatos, pulgas, piolhos e muitas espécies popularmente chamadas de vermes. Muitos desses vermes pertencem ao grupo Nematoda (do grego “filamento”, devido à forma desses bichos), no qual estão incluídas cerca de 20 mil espécies conhecidas, das quais cinco mil são parasitos.
Os Nematoda – também chamados de nematódeos ou nematoides – são criaturas cilíndricas e alongadas, geralmente medindo poucos milímetros ou centímetros de comprimento. Diversas espécies de nematódeos parasitam os humanos, sendo Ascaris lumbricoides e Enterobius vermicularis duas das mais comuns. Talvez você não as conheça por esses nomes, mas já pode ter ouvido falar em seus apelidos: lombriga e oxiúros.
As lombrigas parasitam o intestino delgado do ser humano, onde se fixam por meio de sua boca com três lábios repletos de dentículos, e sugam nutrientes. Lá dentro, elas se reproduzem e botam ovos, que são eliminados junto com as fezes da pessoa. Cada fêmea pode depositar até 200 mil ovos por dia!
O nome científico Ascaris lumbricoides faz referência ao hábito e à aparência desta espécie: Ascaris era o nome dado aos vermes intestinais na Grécia Antiga, e lumbricoides quer dizer “parecido com minhoca” em latim.
Os oxiúros, ao contrário das lombrigas, preferem morar no ceco e no apêndice (partes do intestino grosso). Lá, eles se alimentam e os machos cruzam com as fêmeas. Em seguida, os machos morrem e as fêmeas se deslocam, à noite, para fora do intestino, deixando, cada uma, até 16 mil ovos ao redor do ânus. O resultado disso é uma coceira danada, que acaba espalhando ovos nas roupas e, principalmente, nas mãos.
O nome científico dos oxiúros também remete a seus hábitos e aparência: em grego, Enterobius quer dizer “vida no intestino” e, em latim, vermicularis significa “pequeno verme”. E essa palavra curiosa, “oxiúros”, de onde veio? Durante algum tempo, essa espécie foi chamada Oxyuris vermicularis, sendo Oxyuris uma palavra de origem grega que significa “cauda pontuda”.
Lombrigas e oxiúros são parasitos muito comuns, presentes em humanos ao redor de quase todo o mundo, principalmente em regiões mais pobres, com falta de saneamento básico. Crianças com até 15 anos de idade costumam ser as mais atingidas por esses vermes. Então, como fazer para evitá-los?
O melhor caminho são as práticas de boa higiene: beber somente água filtrada, fervida ou mineral; lavar sempre as mãos antes das refeições e lanches, depois de brincar e de usar o banheiro; lavar bem os alimentos frescos, como frutas e verduras… Assim, podemos garantir que os parasitos não vão aparecer para jantar dentro do nosso corpo!