Na verdade, não tínhamos muito o que fazer depois do jantar. A luz era geralmente fraca, a televisão não tinha cores, os programas eram pouco atrativos. Assim, tudo conspirava para fins de dia tediosos e aborrecidos. Mas acontecia exatamente o contrário! Ficávamos na calçada contando histórias, correndo, brincando de pique-esconde. A turma era grande: Zeca, Marquinho, Periquito, Melecão, Orelhinha, Saca-Rolha e, claro, o mais famoso de todos, Pum-de-Ouro.
Pum-de-Ouro era o cara. Nasceu Marco Antonio Peixoto Saraiva de Melo Andrade Barbosa da Silva – nome longo como o de um príncipe, mas com habilidades nada principescas. Seu apelido surgiu de uma aptidão, se é que assim podemos chamar, para soltar pum. Era algo inacreditável. Silenciosos e mal-cheirosos, barulhentos e inodoros, tinham uma variedade incalculável de possibilidades, entre as quais até mesmo cantarolar o hino de nosso clube de futebol.
Nos dias chuvosos e quase sempre sem luz, nos aglomerávamos no quartinho de costura da casa de Marco para uma de nossas brincadeiras favoritas: o campeonato de pum. Os outros meninos não iam lá muito bem, mas, quando chegava a vez do Pum-de-Ouro…
Aquela brincadeira me fez pensar no cheiro dos vulcões.
Os vulcões – aquelas montanhas famosas, que cospem lava e fumaça – se formam em áreas onde a crosta terrestre é instável. São regiões de atrito entre duas ou mais placas tectônicas, que se movem constantemente, gerando não só montanhas e vulcões, como também os terremotos.
Existem vários tipos de vulcões. Alguns possuem poucos gases e suas rochas derretidas escoam como as águas de um rio. Outros são como Pum-de-Ouro, explosivos, com muitos gases tóxicos e capazes de provocar grandes estragos quando entram em erupção.
Desde o início da história de nosso planeta, os vulcões sempre estiveram presentes, moldando e transformando a superfície terrestre. Eles foram responsáveis por alguns eventos de extinção de animais e plantas. Isso sem falar nos vulcões próximos a cidades, que sempre foram motivos de preocupação.
É certo que eu, quando criança, não estava muito ligado na história dos vulcões. Porém, com a experiência de ficar trancado em um quartinho de costura inundado de gases tóxicos, descobri que, sejam eles malcheirosos ou inodoros, não é uma boa ideia se aproximar de um vulcão em erupção… e nem do Pum-de-Ouro em ação!