“Pulgas?!”, exclamou Tuca. “Meu gato, o Guerreiro, uma vez ficou cheio delas!” Pedrinho fez cara feia. “Só de pensar nisso eu fico com vontade de me coçar. Meu pai me disse que já foi picado por pulgas em um hotel bem xexelento”.
“Isso não é nada”, garantiu Zeca. “Eu já peguei bicho-de-pé depois que andei descalço no galinheiro da roça do Vô Joaquim. Pior que pulga!”
No fim, todo mundo esqueceu de falar sobre as férias, e a conversa virou uma discussão de quem se coçou mais: a cadela do Beto, o gato do Tuca, o pai do Pedrinho, ou o Zeca. O bate-papo ainda rendeu uma busca sobre pulgas e bichos-de-pé na internet e nos livros da biblioteca. Sabe o que os garotos descobriram? Que existem mais de 2 mil espécies de pulgas conhecidas, e que quase todas se alimentam do sangue de aves ou mamíferos. Mas isso foi só o começo!
A mais famosa espécie de pulga é a Pulex irritans. Mais conhecida como pulga-de-humanos, essa espécie se espalhou mundo afora de carona em nossos corpos. Só que a P. irritans não incomoda apenas a gente, mas também outros animais. Seu nome científico quer dizer “pulga irritante” em latim, e mostra bem como ficamos aborrecidos quando elas nos mordem.
As pulgas que mais incomodam os cães e gatos pertencem ao gênero Ctenocephalides ― “cabeça que lembra um pente”, em grego. Esse nome estranho se dá por conta de estruturas na cabeça dessas pulgas que parecem… um pente, oras!
Existem mais de dez espécies de Ctenocephalides, mas duas delas se espalharam por quase todo o mundo junto com nossos bichinhos de estimação: a Ctenocephalides felis (pulga-de-gato) e a Ctenocephalides canis (pulga-de-cão). Aliás, felis e canis significam “gato” e “cão” em latim, e vêm delas as palavras “felino” e “canino”. Apesar dos nomes, as pulgas-de-cão também podem morder os gatos, e um cachorro pode ter pulgas-de-gato.
O bicho-de-pé do Zeca também é um tipo de pulga, que vive no chão de locais quentes e sujos. Seu nome científico é Tunga penetrans, onde Tunga é um termo tupi-guarani para “pulga” e penetrans quer dizer “que penetra”, em latim.
As fêmeas do bicho-de-pé penetram na pele de uma pessoa ou animal e ficam lá sugando sangue e crescendo na forma de uma bolinha. Após uns dias, coloca ovos, que caem no chão, e depois morre. Porém, seu corpo continua na pele do hospedeiro, podendo apodrecer e causar uma infecção por bactérias e outros microrganismos.
As pulgas podem parecer terríveis, mas não se preocupe. Se você ou seu animal de estimação for incomodado por elas, existem medicamentos próprios para dar cabo dessas danadas. Xô, coceira!
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!