Presente diferente para a mamãe

Em maio, celebra-se o Dia das Mães. Aproveitando a data, nesta edição de O nome dos bichos, vamos falar sobre animais que têm algo em comum no nome científico: mães!

Você, que acompanha a nossa coluna desde o início, sabe que os cientistas têm grande liberdade na hora de batizar um novo animal. Por isso, alguns pesquisadores colocam o nome de suas mães nas espécies que descobrem. É o caso da lesma marinha Phyllodesmium karenae. Phyllodesmium significa algo como “laços de folhas”, provavelmente devido à aparência das lesmas deste gênero. E o nome karenae? Karen é o nome da mãe de Elizabeth Moore, uma das cientistas que descreveu este animal.

Esta lesma marinha foi batizada em homenagem a Karen, mãe de uma das pesquisadoras que a descreveu (foto: Beth Moore).

Há outras espécies com nome científico que homenageia a mãe de um pesquisador (leia Um crustáceo e um ácaro para comprovar!). Mas saiba que não é apenas dessa forma que as mamães marcam presença na hora do batismo de animais. Há nomes de bichos que trazem a palavra “mãe” em vez do nome da mãe de alguém. Um exemplo famoso é o dinossauro Maiasaura peeblesorum, que viveu há mais de 70 milhões de anos.

Mães pré-históricas
Em grego, Maiasaura significa “mãe lagarto”. Tudo porque os fósseis deste réptil indicam que as mães Maiasaura cuidavam dos seus filhotes após o nascimento. Já o nome específicopeeblesorum homenageia uma família, os Peebles, donos das terras onde os primeiros fósseis de Maiasaura foram achados, nos Estados Unidos.

Por cuidar de seus filhotes após o nascimento, este dinossauro ganhou um nome científico que significa “mãe lagarto” (ilustração: Nobu Tamura)

Outro bicho que também traz a palavra “mãe” em seu nome é o Maiacetus innus, um ancestral das baleias, que viveu há mais de 45 milhões de anos. Maiacetus significa “mãe baleia” em grego e foi dado a esse bicho por uma razão curiosa. O fóssil dessa espécie encontrado pelos cientistas era de uma fêmea que estava esperando filhotes! Por isso, aliás, é que seu nome também traz innus: assim é chamado o deus romano da fertilidade.

Um ancestral da baleia ao lado do seu filhote (ilustração: James Gurney).

Pra finalizar, um bicho muito antigo, que viveu há 300 milhões de anos: Materpiscis attenboroughi. Seu nome genérico — Materpiscis — significa “peixe-mãe”. Sabe por quê? Assim como o Maiacetus innus, o fóssil dessa espécie encontrado pelos cientistas era o de uma fêmea que estava esperando filhotes! Já attenboroughi homenageia o britânico Sir David Attenborough, famoso por apresentar documentários sobre natureza na TV.

O peixe-mãe era um placodermo: isto é, pertencia a um grupo de peixes que apresentavam placas ósseas principalmente sobre a cabeça e o tórax, formando algo que poderíamos comparar a uma armadura. Ao estudar os fósseis dessa espécie, os cientistas perceberam que ele não botava ovos: seus filhotes se desenvolviam dentro do corpo da mãe. Isso torna esses animais os mais antigos vertebrados conhecidos pela ciência a terem crias dessa maneira (ilustração: B. Choo).

E você? Se descobrisse uma espécie com características como as do Materpiscis attenboroughi usaria a palavra “mãe” ao batizá-la? Ou preferiria o nome da sua mamãe? Seja qual for a sua opção, de algo tenho certeza: você teria feito uma ótima escolha!

Um crustáceo e um ácaro
O cientista José Castelló descobriu um pequeníssimo crustáceo que vive na Antártida e o batizou de Austrosignum escandellae. Sabe por quê? Austrosignum significa, em latim, “símbolo do sul”, algo apropriado para um bicho que vive em um lugar tão ao sul do planeta. Já escandellae é uma homenagem do cientista à sua mãe, Catalina Escandell.

E que tal Echinonyssus teresae? Este é o nome de uma espécie de ácaro (um primo do carrapato) parasita de ratos! Echinonyssus significa “ferrão de ouriço”, talvez pela presença de diversos espinhos pequeninos no corpo deste animal, lembrando um ouriço. O significado de teresae você já deve ter imaginado! Teresa é a mãe da pesquisadora que descobriu a espécie, Maria Luísa Estébanes-González.