Nós temos um rei
Chamado João
Faz o que lhe mandam
Come o que lhe dão
E vai para Mafra
Cantar o cantochão
Esses versos, de autor desconhecido, foram feitos no século 19 para o rei D. João VI, que veio para o Brasil com toda a Família Real, em 1808. Sua fama, como você já deve ter percebido pelas rimas, era de guloso. Mas será que o monarca era mesmo comilão?
Não há dados históricos que permitam total certeza da fama de “boa mesa” do rei, mas, segundo alguns historiadores, juntando uma informação aqui e outra acolá, há indícios de que D. João VI realmente comia um bocado.
O historiador português Joaquim Pedro de Oliveira Martins – que viveu entre 1845 e 1894, e escreveu livros sobre a história de Portugal e do Brasil – foi quem começou a construir em seus textos a imagem de D. João VI como rei não só guloso, mas, também, medroso.
Guloso ou não, o certo é que depois da chegada de D. João VI e sua corte ao Brasil a história do país sofreu grandes mudanças, nem sempre boas. Passaram a vir muitos produtos da Europa para cá, assim como muitas de nossas riquezas também foram enviadas para lá. Mais homens, mulheres e crianças foram trazidos da África para trabalhar como escravos em nossas terras, houve a criação do Jardim Botânico, da Biblioteca Nacional…
Muitos dos acontecimentos posteriores à vinda do rei e de sua família conduziram o Brasil à independência. Portanto, tenha sido ele guloso ou não, medroso ou não, o fato é que D. João VI deve ser lembrado, sim, como um monarca que marcou para sempre e profundamente a nossa história.
(Este texto foi publicado originalmente na CHC 190.)