Para ver embaixo d’água

Ao mergulhar numa piscina de olhos abertos, você já deve ter reparado como é difícil enxergar debaixo d’água. (foto: Bruno Bernardes / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

Ao mergulhar numa piscina de olhos abertos, você já deve ter reparado como é difícil enxergar debaixo d’água. (foto: Bruno Bernardes / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

O verão continua, e a minha vontade de mergulhar também. Então, depois de escrever sobre como usar equipamentos para conseguir afundar e respirar no mar, decidi falar sobre a visão embaixo d’água!

Você já deve ter mergulhado numa piscina de olhos abertos. Não dá pra ver nada muito bem, não é? Fica tudo fora de foco, só conseguimos algumas imagens borradas. Você sabe por quê?

O que nos faz enxergar são raios de luz refletidos pelos objetos que estão à nossa volta. Quando estamos fora d’água, essa luz é propagada pelo ar até chegar aos nossos olhos e entra pela córnea, uma camada transparente que recobre a parte externa do olho e funciona como uma lente convergente (veja a figura).

Uma lente convergente (ou lente de aumento), colocada a uma distância adequada, projeta numa parede uma imagem da paisagem vista da janela. De forma semelhante, o olho projeta uma imagem do que está à nossa frente na retina. (foto: Beto Pimentel)

Uma lente convergente (ou lente de aumento), colocada a uma distância adequada, projeta numa parede uma imagem da paisagem vista da janela. De forma semelhante, o olho projeta uma imagem do que está à nossa frente na retina. (foto: Beto Pimentel)

Ao passar pela córnea, os raios de luz que vêm de cada ponto do objeto são convergidos para um ponto específico da retina, a parte do fundo do olho que é sensível à luz. A imagem ali formada é então processada pelo cérebro, e assim nós enxergamos.

Representação do olho humano.

Representação do olho humano.

Nosso olho é adaptado para ver no ar. Nessas condições, a curvatura da córnea e as estruturas internas do olho funcionam de tal maneira que as imagens se formam a cerca de dois centímetros e meio da córnea, onde se encontra a retina.

Já quando estamos mergulhados, a luz dos objetos que tentamos ver chega ao nosso olho pela água, o que muda tudo. A água é muito mais densa que o ar. Aliás, é quase tão densa quanto a córnea, o que quer dizer que a luz quase não é desviada (convergida) ao entrar no olho.

Assim, apesar de outras estruturas do olho terem também um efeito convergente, isso não é o suficiente para fazer com que a imagem se forme onde está a retina – o olho precisaria ser muito mais profundo para que a retina estivesse na posição em que se forma a imagem. Por isso, vemos imagens borradas ou desfocadas debaixo d’água.

A solução para o problema é introduzir uma camada de ar entre a água e a córnea, de modo que a luz chegue ao olho vindo do ar, como se estivéssemos fora d’água. E o equipamento que faz isso acontecer, vamos ver se você adivinha… É a máscara de mergulho!

A máscara de mergulho permite que uma camada de ar fique entre o olho e a água. Assim, fica mais fácil admirar as belezas subaquáticas! (foto: Andres Sanchez / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0)CC BY-NC-SA 2.0(/a))

A máscara de mergulho permite que uma camada de ar fique entre o olho e a água. Assim, fica mais fácil admirar as belezas subaquáticas! (foto: Andres Sanchez / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0)CC BY-NC-SA 2.0(/a))

Existe um preço a se pagar, no entanto. As imagens que vemos debaixo d’água são um pouco deformadas dependendo do ângulo para onde se olhe. Além disso, na água vemos as coisas um pouco ampliadas – cerca de 1/3 maiores que o tamanho real delas. Portanto, da próxima vez que seu amigo sair de um mergulho dizendo que viu “um peixão DESTE tamanho!”, dê um desconto…