A parte de cima das asas das borboletas-coruja geralmente varia em tons de cinza e azul, enquanto a parte de baixo lembra uma coruja com um grande par de olhos falsos. Experimentos em laboratório e na natureza confirmaram que os “falsos olhos” aumentam as chances de sobrevivência de uma borboleta.(foto: Didier Descouens / Wikimedia Commons / (a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)CC BY-SA 3.0(/a))
Com uma envergadura que pode passar dos 15 centímetros, as borboletas-coruja estão entre as maiores borboletas brasileiras, e entre as mais intrigantes também. A parte de baixo de suas asas possui cores que lembram as penas de uma coruja, incluindo duas grandes manchas em forma de olhos. Os cientistas já sabem que a presença desses desenhos aumenta as chances de sobrevivência das borboletas, mas ainda é difícil dizer por quê.
Uma possível explicação é que, quando um predador se aproxima da borboleta e vê as manchas nas asas, as confunde com dois grandes olhos e pensa erroneamente que a borboleta é, na verdade, um bicho ainda maior. Outra – a mais aceita pela comunidade científica até agora – é que os predadores não pensam que as manchas são grandes olhos, mas simplesmente se assustam com o contraste entre as manchas e as asas.
As borboletas-coruja costumam descansar em troncos de árvores durante o dia. Nesses momentos, elas ficam de asas fechadas e não é possível ver os dois “olhos” ao mesmo tempo. Por causa disso, um pesquisador sugeriu em 1976 que essas borboletas imitam uma perereca, e não uma coruja. Será? (foto: Gordon E. Robertson / Wikimedia Commons /(a href=http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0) CC BY-SA 3.0(/a))
Cerca de 20 espécies de borboletas-coruja são conhecidas, todas vivendo nas Américas e muitas delas no Brasil. As primeiras a serem descobertas foram Caligo idomeneus e Caligo teucer, descritas pelo sueco Carl von Linné em 1758. Seus nomes fazem referência ao rei Idomeneu e ao herói Teucro da mitologia grega, que lutaram na guerra de Troia.
A ideia de dar às borboletas nomes de personagens lendários acabou virando moda e foi mantida por pesquisadores que descreveram outras espécies. É essa a origem de nomes como Caligo eurilochus, Caligo illioneus, Caligo telamonius, Caligo arisbe, Caligo oileus e Caligo euphorbus. Euríloco, Ilioneu, Télamon, Arisbe, Oileu e Euforbo são personagens dos mais famosos poemas gregos, “Ilíada” e “Odisseia”. Há ainda Caligo martia, cujo nome talvez se refira a Marte, deus romano conhecido como Ares pelos antigos gregos.
Mas nem toda espécie de borboleta-coruja recebeu o nome de uma personalidade mitológica. Caligo brasiliensis faz referência ao Brasil; Caligo placidianus parece ser uma homenagem ao general romano Placidiano, que viveu no século 3; e o nome Caligo beltrao é dedicado a Luís Beltrão, um oficial de justiça brasileiro que coletou os exemplares usados para descrição da espécie pelo pesquisador alemão Johann Illiger em 1801.
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!