Continuando nossa série sobre o escritor Júlio Verne, hoje falaremos de A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, seu livro de maior sucesso. Ele foi escrito em 1872 – o mesmo ano em que se passa a história – e publicado no ano seguinte.
O texto conta a extraordinária aventura de um inglês obcecado por pontualidade: Phileas Fogg. Logo no início da história, ele faz uma aposta no valor de vinte mil libras (o equivalente a pouco mais de três milhões de reais hoje em dia) de que seria possível dar a volta ao mundo em apenas oitenta dias, baseado em um cálculo feito pelo jornal Daily Telegraph:
De Londres a Suez via Monte Cenis e Brindisi, de trem e de navio: 7 dias
De Suez a Bombaim, de navio: 13 dias
De Bombaim a Calcutá, de trem: 3 dias
De Calcutá a Hong Kong, de navio: 13 dias
De Hong Kong a Yokohama, de navio: 6 dias
De Yokohama a São Francisco, de navio: 22 dias
De São Francisco a Nova Iorque, de trem: 7 dias
De Nova Iorque a Londres, de navio: 9 dias
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Total: 80 dias
Acompanhado por seu fiel empregado Passepartout, Phileas Fogg parte numa corrida contra o relógio para vencer a aposta. Em seu encalço, segue o Sr. Fix, detetive que acredita que Fogg é o ladrão que roubou cinquenta mil libras do Banco da Inglaterra num assalto ocorrido logo às vésperas de sua partida.
Os três vivem diversas aventuras ao longo de toda a viagem, e muitas vezes precisam improvisar meios de transporte – usam até elefantes! O final da história é sensacional, mas, como sempre, não vou contar para não estragar a surpresa. Por ora, digo apenas que ele tem a ver com um fato científico muito interessante, relacionado à maneira como marcamos o tempo, e com o itinerário escolhido. Não deixem de ler!
Outra curiosidade que podemos comentar sobre o livro é que, já em 1872, as pessoas achavam que o mundo havia ficado “muito pequeno”, isto é, que as distâncias eram percorridas em tempos muito curtos, graças à evolução dos meios de transporte e da tecnologia. Para as pessoas do final do século 19, a expansão das linhas de trens e barcos a vapor e a abertura do canal de Suez, no Egito, ligando o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho, de fato diminuiu bastante o tempo de percurso de longas viagens.
Em épocas anteriores, alguns trajetos poderiam durar muitos meses ou mesmo anos se fossem feitos a cavalo, a pé ou em barcos a vela, que dependiam muito das condições do tempo.
Você pode achar engraçado que alguém acreditasse que viajar de Nova Iorque a Londres em nove dias era “rápido”, quando hoje a mesma viagem leva pouco mais de sete horas em avião. Mas essa era a sensação das pessoas naquela época!
Pense que seus tataranetos, daqui a cento e cinquenta anos, talvez achem engraçado que, em 2013, as pessoas levassem tanto tempo para ir para a escola “naqueles carros lentos movidos a gasolina”, ou tivessem que ter tanta paciência para aguentar tantas horas “naqueles aviões que voavam mais devagar que um besouro perneta”. Quem sabe como serão os meios de transporte do futuro?