No dia 21 de abril de 2010, a capital do nosso país, Brasília, completa 50 anos. Esse aniversário, é claro, será muito comemorado. Mas sabia que, em meio a tanta festa, há uma história triste? É a do rato-candango ou rato-do-presidente, roedor que foi descoberto durante a construção da capital federal, mas que pode ter desaparecido para sempre.
Ratos do planalto
Quando Brasília ainda era um canteiro de obras, oito ratinhos de pelagem castanho-alaranjada, listrinhas pretas e uma cauda curta bem peluda foram encontrados por trabalhadores que erguiam a nova capital. Os bichinhos foram enviados ao pesquisador João Moojen, que, ao analisá-los melhor, fez uma descoberta e tanto: os pequenos roedores eram diferentes de todos os ratos que ele conhecia! E mais: não só eram uma nova espécie, mas também um novo gênero! Moojen, então, batizou os ratinhos de Juscelinomys candango. Um nome que não poderia ser mais apropriado!
Juscelinomys significa “rato do Juscelino”, já que mys é “rato” em grego. Uma homenagem a Juscelino Kubitschek, o presidente do Brasil que ordenou a construção da nova capital. Já candango era o nome dado aos trabalhadores que deixaram seus lares, viajaram ao centro do Brasil para construir Brasília e… acabaram encontrando, por acaso, uma espécie até então desconhecida pelos cientistas!
Procura-se!
O problema é que, após a descoberta do Juscelinomys candango, ninguém nunca mais o achou na natureza, apesar de inúmeras buscas. É possível que o seu habitat, no Cerrado de Brasília, tenha sido destruído e as suas populações tenham sido exterminadas com a construção da cidade.
No Livro Vermelho das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, Juscelinomys candango é considerado “criticamente ameaçado”. Mas, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza, provavelmente ele já está extinto, uma vez que há 50 anos nenhum exemplar é encontrado na natureza. Ou seja, essa espécie pode ter desaparecido para sempre! Se for verdade, a história do ratinho-candango, para nossa tristeza, não teve um final feliz.
Primos estrangeiros
Muitos anos após a descoberta do Juscelinomys candango, foram achados, na Bolívia, dois ratos muito parecidos com a espécie brasileira.
Após estudá-los, os cientistas notaram que estavam diante de duas novas espécies de Juscelinomys!
Em 1999, elas passaram a ser chamadas de Juscelinomys huanchacae (que você vê abaixo) e Juscelinomys guapore, em homenagem às áreas onde foram encontradas: o maciço de Huanchaca e as proximidades do Rio Guaporé.