Um, dois, três e… já! Mergulhávamos todos, competindo para ver quem permaneceria por mais tempo debaixo d’água. Cada vez mais moroso, o tempo se arrastava e os segundos sem ar eram intermináveis.
Zeca, porém, sempre vencia, e sua determinação tinha um porquê: ele estava determinado a se transformar no homem-peixe – capaz de sobreviver nas profundezas do oceano e, assim, criar uma nova civilização. Uma tarefa difícil, mas que o levava sempre a vencer as competições de mergulho.
Por meio dos fósseis, podemos observar muitos processos de transformação e inovação dos seres vivos. Algumas inovações são surpreendentes, tais como a origem dos primeiros vertebrados capazes de respirar o oxigênio da atmosfera. Para esta história, precisaremos retornar ao período geológico conhecido como Siluriano.
Há 420 milhões de anos, um grupo de peixes, conhecidos como sarcopterígeos, tinha as nadadeiras diferentes da maioria dos peixes. Elas eram formadas por muitos ossos, o que lhes dava resistência suficiente para que pudessem se deslocar fora da água. Possuíam, também, uma capacidade especial que era a de respirar, por algum tempo, o oxigênio do ar. Peixe estranho, não? Parecia inconformado, tal como meu amigo Zeca, com a sina de viver em apenas um ambiente.
No decorrer de alguns milhões de anos, esses peixes deram origem aos primeiros anfíbios, que não eram nada parecidos com os que vivem atualmente, mas representaram uma grande inovação na história da vida na Terra. Pela primeira vez, os vertebrados caminhavam sobre nosso planeta, iniciando a exploração de muitas novas possibilidades de alimentos e modos de vida.
Zeca jamais conseguiu respirar submerso. Porém, devemos sempre lembrar dos peixes que queriam viver fora d’água: persistir é fundamental para que as transformações se concretizem e as grandes mudanças possam, ao longo do tempo, se tornar realidade.