Quem é que não gosta de mel? Além de saboroso, esse é um alimento benéfico para nossa saúde, pois contém diversos nutrientes. E você certamente sabe que animais fabricam o mel, não é? As abelhas!
O tipo de mel mais consumido por nós, e mais encontrado nos mercados, é produzido pelas abelhas da espécie Apis mellifera. Seu nome científico, criado em 1758 pelo sueco Carl Linné, significa, em latim, “abelha que carrega mel”. Só que as abelhas não carregam mel… Elas fabricam!
Pensando nisso, em 1761, Linné “corrigiu” o nome dessa espécie para Apis mellifica, que quer dizer “abelha que fabrica mel”. Mas, anos depois, quando os cientistas criaram novas regras para se batizar os animais, ficou decidido que esse tipo de correção feita por Linné não valia. Assim, o nome Apis mellifera voltou a ser utilizado no lugar de Apis mellifica.
Embora seja a espécie de abelha mais comum no Brasil, a Apis mellifera não é nativa daqui, mas da Europa, da África e da Ásia. As primeiras colmeias foram trazidas de Portugal em 1839 pelo padre Antônio Carneiro – não para produção de mel, mas para fornecer cera para as velas usadas durante as missas.
Poucos anos depois, imigrantes europeus começaram a trazer colmeias para fazer mel em suas propriedades. Até a década de 1950, a produção era bem pequena, e passou a ficar ainda menor com o aparecimento de doenças que quase exterminaram as abelhas.
Foi aí que o Ministério da Agricultura enviou o pesquisador brasileiro Warwick Kerr para trazer algumas abelhas da África para o Brasil. Apesar de também pertencerem à espécie Apis mellifera, as abelhas-africanas são mais resistentes a doenças e produzem mais mel que as europeias. Mas têm um problema: são muito bravas!
A solução foi cruzar abelhas-africanas e abelhas-europeias para produzir descendentes com as melhores características das duas – ou seja, abelhas que produzissem bastante mel, fossem resistentes e, ao mesmo tempo, mansas. Só que a tentativa não deu certo. Antes de as pesquisas terminarem, vinte e seis colmeias africanas fugiram!
Na época foi um alvoroço só, e todo mundo ficou morrendo de medo de ser atacado pelas abelhas-africanas. Com o tempo, elas se espalharam por todo o país e foram se misturando com as colmeias dos criadores de abelhas, os apicultores.
Aos poucos – e com ajuda de cientistas –, os apicultores se acostumaram a lidar com “nova” abelha, que ficou conhecida como “abelha-africanizada”. Na verdade, até passaram a gostar dela porque, embora seja mais brava que sua prima da Europa, não é tão irritada como a africana. Ao mesmo tempo, também fabrica bastante mel e é bem resistente a doenças. Não é à toa que, hoje, o Brasil é um dos maiores produtores de mel do mundo.