Quando ocorre um crime, os investigadores precisam analisar todo o caso com muito cuidado. Principalmente quando ninguém viu como tudo aconteceu. Cada pista precisa ser estudada nos mínimos detalhes em busca de provas que apontem o criminoso, evitando que alguém seja culpado injustamente. Concorda? E se o caso aconteceu há milhões de anos? Acompanhe…
Em 1924, o paleontólogo Henry Osborn anunciou a descoberta de algo que parecia uma cena de crime pré-histórica. No ano anterior, foi encontrado na Mongólia o fóssil de um dinossauro que teria invadido um ninho de outra espécie para roubar os ovos. O ladrão teria sido morto pelo dono do ninho, seus restos se fossilizaram, e 80 milhões de anos depois, a “cena do crime” foi encontrada.
As características daquele esqueleto, embora mal preservado, não deixavam dúvidas de que se tratava de um tipo de dinossauro até então desconhecido, que foi chamado de Oviraptor philoceratops. Em latim, Oviraptor quer dizer nada menos que “ladrão de ovos”, enquanto philoceratops pode ser traduzido como “amante dos ceratopsídeos”. Os ceratopsídeos – nome que quer dizer “com chifre na face” – eram dinossauros herbívoros. Todos pensavam que o ninho onde o Oviraptor foi descoberto teria pertencido a um deles.
Mais de 70 anos depois, paleontólogos encontraram novos ovos de dinossauro na Mongólia. Só que havia um detalhe fascinante: o esqueleto de um embrião preservado ainda no ovo. Examinando com cuidado, os cientistas perceberam que eram ovos de uma espécie da mesma família do Oviraptor. Os paleontólogos examinaram de novo os ovos descobertos com o Oviraptor na década de 1920 e concluíram que deviam ser do próprio dinossauro e não de outra espécie. E isso muda tudo o que se sabia sobre o “ladrão de ovos”.
Os estudos mais recentes indicam que o Oviraptor não roubava ovos. Aquele fóssil descoberto em 1923 não pertencia a um dinossauro assaltante, mas a um dinossauro chocando seus próprios ovos que teria morrido após um deslizamento de terra ou uma tempestade de areia. Um fóssil exatamente assim foi achado tempos depois, reforçando essa ideia. Ou seja, o Oviraptor foi injustamente chamado de ladrão, mas, na verdade, era uma mãe (ou pai) que cuidava bem do seu ninho.
Apesar dessa descoberta, as regras de nomenclatura zoológica não permitem mudar o nome do Oviraptor. Pobre coitado, se soubesse que milhões de anos depois de ter vivido, seria acusado por todos de ladrão. Justiça seja feita. Agora, você já sabe a verdade!