Muito antes do celular

Basta olhar com um pouquinho de atenção para o mundo à nossa volta e fica fácil perceber: as tecnologias de comunicação estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Telefones celulares com mil e uma funções, internet rápida, tablets, conexão sem fio… Enviar e receber informações é o que está por trás de todas essas invenções.

Cerca de 400 anos atrás, para uma mensagem sair de um lugar e chegar a outro, ela precisava ser escrita em um papel, que era transportado por um mensageiro do lugar onde a coisa aconteceu até o lugar onde estava a pessoa que seria informada sobre aquilo.

A contratação de mensageiros individuais era trabalhosa e cara, sobretudo para percorrer grandes distâncias. Com o surgimento dos sistemas de correios, o mesmo mensageiro passou a entregar várias mensagens por viagem, o que barateou os custos (Imagem: Reprodução / Wikimedia Commons)

A contratação de mensageiros individuais era trabalhosa e cara, sobretudo para percorrer grandes distâncias. Com o surgimento dos sistemas de correios, o mesmo mensageiro passou a entregar várias mensagens por viagem, o que barateou os custos (Imagem: Reprodução / Wikimedia Commons)

Uma das maiores invenções humanas, o sistema de correios – surgido na Inglaterra no final do século 17 – permitiu dividir os custos de todas mensagens trocadas, pois o mesmo mensageiro podia entregar vários bilhetes. Isso barateou e simplificou bastante o processo de enviar e receber mensagens – que passamos a chamar de cartas.

No mesmo século, a invenção dos jornais tornou possível receber informações sobre muitas coisas diferentes, que haviam acontecido em lugares diversos. Todas eram transmitidas ao mesmo tempo, graças a uma central (o jornal) que recebia cartas de correspondentes em diversos lugares, o tempo todo.

Uma das soluções encontradas para acelerar a transmissão de mensagens foi o uso de pombos-correio, que podiam cobrir distâncias consideráveis mais rapidamente que um mensageiro a cavalo (Imagem: Wikimedia Commons)

Uma das soluções encontradas para acelerar a transmissão de mensagens foi o uso de pombos-correio, que podiam cobrir distâncias consideráveis mais rapidamente que um mensageiro a cavalo (Imagem: Wikimedia Commons)

Só que, apesar desses dois grandes avanços na forma como as informações podiam ser compartilhadas, as mensagens ainda dependiam da velocidade dos meios de transporte para chegar ao seu destinatário, fosse uma pessoa ou um jornal.

Réplica de uma torre de telégrafo na Alemanha. As bandeirinhas no topo da torre mudavam de posição para representar cada letra do alfabeto. A distância, alguém poderia observar o movimento das bandeirinhas e decodificar a mensagem (Foto: Lokilech / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

Réplica de uma torre de telégrafo na Alemanha. As bandeirinhas no topo da torre mudavam de posição para representar cada letra do alfabeto. A distância, alguém poderia observar o movimento das bandeirinhas e decodificar a mensagem (Foto: Lokilech / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

A saída inovadora e revolucionária para esse problema foi a invenção da telegrafia (tele quer dizer “a distância”, e grafia significa “escrita”). Foram elaborados sistemas de semáforos em que letras são formadas por bandeirolas dispostas de maneiras específicas. Esse método é bastante antigo e permitia que uma pessoa no topo de uma colina transmitisse rapidamente uma informação para outra a uma grande distância.

A partir do final do século 18, na França, foram instaladas “linhas” de semáforos, capazes de transmitir mensagens ao longo de centenas de quilômetros. Elas conseguiam isso repassando de um ponto a outro a disposição de hastes fixadas em torres bem altas. Já em meados do século 19, a descoberta da indução eletromagnética permitiu ligar dois pontos muito distantes por um fio condutor de eletricidade, dando origem à telegrafia por fio.

Como os impulsos elétricos viajam muito rapidamente ao longo do fio, centenas de quilômetros podem ser percorridos em frações de segundo. Associado à expansão das linhas férreas e à invenção de sistemas para codificar a informação (o código Morse, por exemplo), o telégrafo foi fundamental para repassar informações em tempo muito rápido.

Mapa das principais linhas telegráficas espalhadas pelo mundo no final do século 19 (Imagem: Wikimedia Commons)

Mapa das principais linhas telegráficas espalhadas pelo mundo no final do século 19 (Imagem: Wikimedia Commons)

Com o desenvolvimento desta tecnologia, foi possível deitar cabos no leito dos oceanos, conectando todo o mundo através do telégrafo. E esse foi o ponto de partida para o surgimento de meios de comunicação como telefone, rádio e TV. Quer saber como? No mês que vem eu conto!

A ideia de escrever sobre tecnologia e meios de comunicação veio dos leitores Eduardo, Mel, Samylli e Vitor, que sugeriram o tema ao comentarem um antigo texto que explicava como os astrônomos obtêm informações sobre as estrelas. Obrigado pela dica, pessoal!

 

Beto Pimentel