Moda submarina

Se você acompanhou as últimas colunas, já sabe que neste verão não consigo pensar em outra coisa além de mergulhar. Já falamos sobre como os mergulhadores controlam sua flutuabilidade e como fazem para respirar e enxergar debaixo d’água. Mas há ainda outra coisa importante de que ainda não falamos: a roupa de mergulho, para que serve?

Diferentemente dos peixes e répteis, cuja temperatura corporal se adapta à temperatura do ambiente, nós, mamíferos, somos animais homeotérmicos, isto é, precisamos manter nosso corpo sempre mais ou menos à mesma temperatura para tudo funcionar direitinho. Basta pensar em como a gente fica mole e sem disposição para nada quando está com febre alta – e olha que uma febre assim significa o corpo passar de 36,5°C para uns 39,5°C, um aumentozinho de míseros 3°C!

No litoral do Norte e Nordeste do Brasil há uma corrente marinha que traz águas quentes da região do equador – dá até para mergulhar de sunga ou biquíni. Porém, no Sudeste e no Sul do país, banhados por uma corrente que vem do polo Sul, as águas são muito mais geladas, e o corpo sofre para manter a temperatura. (foto: Thiago Melo / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

No litoral do Norte e Nordeste do Brasil há uma corrente marinha que traz águas quentes da região do equador – dá até para mergulhar de sunga ou biquíni. Porém, no Sudeste e no Sul do país, banhados por uma corrente que vem do polo Sul, as águas são muito mais geladas, e o corpo sofre para manter a temperatura. (foto: Thiago Melo / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

Durante o mergulho, o problema é quase sempre o contrário: como a água é mais fria, o corpo tende a perder calor e ficar mais frio também. Isso acontece porque, quando duas coisas próximas estão a temperaturas diferentes, a tendência é que o calor passe naturalmente da coisa mais quente para a coisa mais fria. Quanto maior a diferença de temperatura, mais calor transita entre as duas coisas.

No caso dos mergulhadores, o calor do corpo (mais quente) passa para a água (mais fria), e o corpo vai esfriando. O problema é que, se nossa temperatura corporal ficar muito abaixo de 36,5°C, algumas funções vitais, como a respiração e o batimento cardíaco, podem ficar prejudicadas. Então, nosso organismo faz de tudo para que a temperatura não caia tanto.

Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, é a capital brasileira do mergulho. Nas suas praias ocorre um fenômeno chamado "ressurgência", em que a corrente de água gelada que vem pelo fundo do mar é jogada para a superfície pelo relevo submarino, tornando a água geladíssima (chegando a 12°C), mas também cheia de nutrientes – o que atrai a vida marinha e gera um espetáculo de beleza! (foto: Amadeu Júnior / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0)CC BY-NC-SA 2.0(/a))

Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, é a capital brasileira do mergulho. Nas suas praias ocorre um fenômeno chamado “ressurgência”, em que a corrente de água gelada que vem pelo fundo do mar é jogada para a superfície pelo relevo submarino, tornando a água geladíssima (chegando a 12°C), mas também cheia de nutrientes – o que atrai a vida marinha e gera um espetáculo de beleza! (foto: Amadeu Júnior / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0)CC BY-NC-SA 2.0(/a))

Para manter a temperatura, o corpo gasta energia. De onde ela vem? Ora, da digestão dos alimentos que comemos! O tempo todo, a energia é distribuída para todas as células do corpo pelo sangue. Quando está mais frio – no ar ou na água –, é preciso mais energia para manter a temperatura acima da temperatura ambiente.

Se no ar já é um grande esforço do organismo fazer isso, na água é ainda pior, mesmo que a temperatura da água não esteja muito diferente da temperatura do ar. É que a água, por causa de sua estrutura molecular, requer muito mais calor do que o ar para esquentar – os físicos dirão que a água tem um “calor específico” maior do que o ar. Isso faz com que o fluxo de calor do nosso corpo para a água tenda a ser muito grande, se a água estiver bem fria.

A roupa de neoprene traz a solução para o problema do frio, mas também acrescenta uma dificuldade ao mergulho, porque ela boia muito. Mas, já sabemos, isso é fácil de compensar: basta colocar mais pesos de chumbo no cinto de lastro. Problema resolvido! (foto: Mark Yokoyama / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

A roupa de neoprene traz a solução para o problema do frio, mas também acrescenta uma dificuldade ao mergulho, porque ela boia muito. Mas, já sabemos, isso é fácil de compensar: basta colocar mais pesos de chumbo no cinto de lastro. Problema resolvido! (foto: Mark Yokoyama / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0)CC BY-NC-ND 2.0(/a))

O jeitinho dos mergulhadores para solucionar este problema está em outro equipamento: a roupa de neoprene, um material emborrachado que funciona como isolante térmico. Ele impede ou retarda a passagem do calor da pele para a água, fazendo com que o corpo do mergulhador fique mais aquecido. E aí o mergulho pode durar bem mais tempo!