Os preparativos para a festa junina haviam começado há dois meses. A escola inteira estava motivada para o que seria a maior de todas as festas. Ensaiávamos diariamente a quadrilha por mais de duas horas. Era um tal de alavantú prá cá e anarriê prá lá intermináveis.
“O balão vai subindo, vai caindo a garoa,
O céu é tão lindo e a noite é tão boa,
São João, São João
Esquenta a fogueira
Do meu coração…”
E se não esquentasse, lá estariam os balões e quentões. Cural e mingau. A escola inteira enfeitada e preparada naquele sábado enevoado, na véspera do dia de São João.
No final da tarde, ao sair do último dos ensaios, despenquei de cima de um palco caprichado em bandeirolas. Assim, lá se foi meu pé, enfaixado em uma padiola. E como doeu. Dor doída no pé e dor moída de tristeza.
Imagine agora um tombo bem maior. Bem maior mesmo. Um dinossauro que dê um tropeção e… VAPT! Direto para o chão. Será que conseguiríamos reconhecer por meio de um fóssil as quedas ou doenças dos animais pré-históricos?
Sim, isso é possível. Quedas e brigas podem deixar o osso partido e, quando ele se recupera, fica uma pequena protuberância ou calo no local da quebra. Além disso, muitas doenças como a osteoporose e a artrose também deixam cicatrizes nos ossos, indicando as doenças sofridas pelos animais da pré-história.
A área que estuda as doenças que afetavam os animais no passado é conhecida como paleopatologia. Reconhecer essas doenças é uma forma de entender como eles viviam e se relacionavam com o ambiente e com outros animais.
Com o pé enfaixado, não dancei a quadrilha. Naquele incrível arraiá, em que havia fartura de bolo de fubá e munguzá, São João não esquentou meu coração. Porém, a garoa fininha se foi e o céu estrelado levou embora minha tristeza: a de não ter dançado com a menina de cabelo trançado.