É comum vermos nomes científicos formados por palavras que indiquem uma característica do animal, como melanocephala (“cabeça preta” em grego). Ou, então, nomes que façam referência ao lugar onde a espécie foi descoberta, como cerradensis (“do Cerrado”, em latim). Muitas vezes, os pesquisadores fazem uma homenagem, colocando na nova espécie o nome de uma pessoa que admiram – outro pesquisador, um parente e até mesmo uma celebridade.
Nos séculos 18 e 19, também era comum dar a uma nova espécie o nome de algum personagem mitológico, como monstros e heróis. Os tempos mudaram, e hoje os pesquisadores muitas vezes dão a uma nova espécie o nome de personagens de filmes, livros ou histórias em quadrinhos.
Mesmo com tantas opções – praticamente infinitas – tem pesquisador que acha complicado escolher o nome de uma nova espécie, principalmente se tiver que nomear muitas de uma vez. Foi o que aconteceu com Alexander Riedel e seus colegas, que publicaram em 2013 a descoberta de 101 espécies novas de besouros!
Todas elas foram encontradas na Nova Guiné, uma grande ilha da Oceania, e pertencem ao gênero Trigonopterus (“asa triangular”, em grego). Para diferenciar umas das outras, os pesquisadores usaram métodos que fazem a leitura do DNA, e também examinaram em detalhes as características do corpo de cada bicho, especialmente os órgãos reprodutivos.
Na hora de batizar tantas espécies, os autores da descoberta começaram usando a imaginação. Deram a uma delas o nome Trigonopterus aeneipennis (“asas de cobre”, em latim), em referência à cor dos élitros, o primeiro par de asas dos besouros. Já Trigonopterus agilis (“ágil”, em latim) foi assim chamada por causa de sua velocidade, quando comparada às demais espécies. Por outro lado, Trigonopterus balimensis tem seu nome em referência ao rio Balim, que corre pela área onde a espécie é encontrada.
Dezenas de espécies de Trigonopterus receberam nomes que sugerem alguma característica que possuem ou da região que habitam. Mas chegou um momento em que a imaginação dos pesquisadores para criar novos nomes acabou – lembre-se, foram 101 de uma só vez. Então, eles pegaram uma lista telefônica e começaram a escolher nomes das famílias da região, como Hitolo, Leki e Wari. Surgiram assim os nomes Trigonopterus hitoloorum, T. lekiorum e T. wariorum, entre outros.
Em 2014, a mesma equipe de cientistas apresentou outra grande descoberta: mais 98 espécies de Trigonopterus sendo nomeadas! Algumas delas receberam os nomes dos numerais 1 a 12 na língua indonésia: Trigonopterus satu, T. dua, T. tiga, T. empat, e por aí vai! Ao menos dessa vez, não foi preciso usar a lista telefônica…
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!